As cidades latino-americanas, incluindo as megaurbes brasileiras, Rio e São Paulo, são pouco competitivas comparativamente a outras cidades mundiais, indicou um relatório da consultoria britânica Economist Intelligence Unit.
Para a consultoria, o mau desempenho em um ranking de 120 cidades se dá pela falta de sustentabilidade e aspectos da qualidade de vida que podem ser obtidos mais facilmente em outras cidades mundiais, como as dos países desenvolvidos.
As cidades, que respondem por 29% da economia global, foram avaliadas a partir de oito categorias e analisadas em 31 indicadores individuais.
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São Paulo e Rio foram classificadas, respectivamente, em 62º e 76º lugar no ranking, liderado por Nova York. E Buenos Aires, em 60º lugar, foi a única cidade latino-americana que terminou na primeira metade da lista.
"As cidades latino-americanas e africanas são as que mais deixam a desejar em termos de competitividade. Enquanto todas as regiões abrigam pelo menos algumas cidades pouco competitivas, a América Latina em particular tem mau desempenho em todas as categorias", afirma o relatório.
São Paulo e Rio ficaram empatadas em 47º lugar em termos de personalidade social e cultural – ranking no qual Zurique lidera, seguida por Sydney, Nova York, Los Angeles, Madri e Londres.
As duas cidades brasileiras também empataram em 50º lugar em maturidade financeira – lista encabeçada por Zurique, Toronto, Tóquio, Cingapura e Nova York.
Já no quesito apelo global São Paulo ficou em 38º, e o Rio, em 49º. As primeiras colocadas da lista foram Londres, Paris, Tóquio, Cingapura e Pequim.
Nenhuma das duas cidades brasileiras aparecem entre as 60 primeiras posições em capital humano, riscos ambientais e naturais, eficiência institucional, força econômica e capital físico.
"Investimentos em infraestrutura serão a principal causa do crescimento dos mercados emergentes, mas será necessário mais que isso para garantir a sua atratividade para os talentos de amanhã", afirma o relatório.
Para a consultoria, as cidades emergentes devem promover seu desenvolvimento "não apenas em arranha-céus, conexões ferroviárias e outras obras de infraestrutura", mas também "nos aspectos mais brandos que serão cruciais para sua capacidade de atrair e desenvolver os talentos de amanhã – incluindo educação, qualidade de vida e liberdade pessoal, entre outras coisas".
Sustentabilidade
As cidades asiáticas foram destaque no relatório, devido ao seu bom desempenho no quesito de força econômica.
Das 20 cidades mais bem colocadas nesse aspecto, 15 estão na Ásia e, segundo o relatório, as 32 maiores cidades do continente devem crescer em média 5% ao ano daqui até 2016.
Entretanto, a consultoria frisou que não existe correlação entre tamanho e competitividade. Tanto que entre as dez cidades mais competitivas da lista estão tanto Tóquio, com 36,7 milhões de habitantes, como Zurique, com 1,2 milhão.
"Competitividade é um conceito holístico. Enquanto o peso econômico e o crescimento são importantes e necessários, diversos outros fatores determinam a competitividade de uma cidade no sentido mais abrangente", afirmou o relatório.
"O ambiente de negócios e as regulamentações, a qualidade do capital humano e a qualidade de vida em si não só ajudam uma cidade a sustentar um rápido ritmo de crescimento, mas também a criar um ambiente social e de negócios estável e harmônico."
A EIU estima que as cidades de tamanho mediano, com população entre 2 milhões e 5 milhões de habitantes, é que liderarão o crescimento urbano no mundo: em média, crescerão 8,7% anualmente nos próximos cinco anos.
Enquanto isso, das 23 megacidades do planeta – com mais de 10 milhões de pessoas –, apenas nove figuram entre as 30 cidades com maior crescimento econômico.
Atração de talentos
A cidade de Nova York foi considerada a primeira do ranking da EIU, seguida por Londres, Paris e Cingapura. Das 30 cidades mais bem colocadas na lista, 24 estão nos EUA ou na Europa.
Apesar do impacto da crise econômica, essas cidades continuam atraindo mais negócios, capital, talentos e turismo, notou o relatório.
"A vantagem mais significativa que as cidades dos países desenvolvidos têm é sua capacidade de atrair o melhor talento do mundo. As cidades americanas e europeias dominam a categoria do capital humano no índice", observou a pesquisa.
"Isso se deve principalmente à qualidade dos sistemas educacionais e à mentalidade empreendedora de seus cidadãos. Mas outros fatores melhoram seu desempenho também, como as atividades culturais e a qualidade de vida geralmente boa."