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Falha no sistema

Com apagão, companhias elétricas devem pagar mais caro para emitir dívida

Agência Estado
25 jan 2015 às 17:14

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O apagão que atingiu dez estados brasileiros e o Distrito Federal na semana passada deve pesar ainda mais sobre o custo de captação das empresas elétricas, que já está em um patamar superior desde o ano passado, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço tempo real da Agência Estado. Com as portas fechadas no exterior devido ao pessimismo em torno dos desdobramentos da Operação Lava Jato, companhias como Copel Geração e Transmissão (GT), Energias do Brasil (EDP) e Cemig Distribuição (D), que consultam o mercado local, vão pagar mais caro para emitir e renovar dívidas neste momento.

Condições menos favoráveis não se restringem a essas empresas, conforme bancos e gestores consultados, mas como a demanda do setor elétrico está alta e envolve operações bilionárias, sendo algumas rolagem de dívidas que vencem neste ano, esses emissores podem ser os mais prejudicados. "O setor elétrico tem convivido com muita notícia ruim, cenário que deve permanecer a não ser que comece a chover amanhã e não pare mais. O apagão pode, ainda, afastar investidores", diz uma fonte de banco da área de renda fixa.

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A Copel GT, por exemplo, está consultando o mercado pela segunda vez após não ter alcançado a taxa que gostaria na primeira conversa com investidores. A empresa planeja emitir R$ 1 bilhão em debêntures. Entretanto, o prêmio exigido por investidores tem atrasado a operação. Com o apagão, a negociação da taxa, conforme fontes, deve ficar ainda mais difícil.

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"Não vejo empresas do setor emitindo abaixo de 1,5% (somado ao CDI). Eventualmente, as transmissoras conseguirão captar abaixo disso", afirma um gestor de crédito.

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Na primeira rodada junto a possíveis interessados, segundo as mesmas fontes, a Copel obteve taxa mais alta que o 1,70% somado ao CDI que a Cemig Geração e Transmissão (GT) pagou na última rolagem de dívida que fez no montante de R$ 1,4 bilhão em debêntures de quatro anos. Esse prêmio já custou 0,85 ponto-base a mais em relação ao que a empresa pagou no início de 2014 e alterou o patamar de preço para o setor elétrico.


Segundo um gestor de crédito, para que uma debênture do setor de energia possa competir para fazer parte de seu portfólio por exemplo, o prêmio deverá avançar para 1,7% a 2,2%, dependendo da empresa, "para começar a ficar interessante". "A época de emissões a 0,8% a 1% acabou, na minha visão. E isso vale para qualquer setor. Enquanto não ficar claro o efeito do Lava Jato, o mercado de crédito ficará meio parado ou cobrando prêmios excessivos", destaca um gestor.

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Além da Copel GT, a Energias do Brasil, que está captando para a holding, consulta o mercado para uma emissão de R$ 1 bilhão em debêntures. Também há demanda por notas promissórias. A Cemig D estrutura uma operação de R$ 1,7 bilhão para rolar uma dívida que vence em 2015. A escolha por notas promissórias, conforme uma fonte, se dá porque a empresa tem a oportunidade de se beneficiar de medidas benéficas anunciadas para empresas de geração e transmissão, como a limitação do teto de energia no mercado spot, para reforçar o seu caixa no curto prazo.


A Eletropaulo, de acordo com bancos e gestores, será uma das companhias do setor com mais dificuldade para emitir daqui para frente. Isso porque a empresa, além do risco iminente de apagão no Brasil, enfrenta o desafio de atender todas as ocorrências criadas a partir da queda de árvores e incidência de raios na rede desde o final do ano passado.

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Na semana passada, a Eletropaulo fechou sua 17ª emissão de debêntures no montante de R$ 190 milhões. A captação foi em duas séries, sendo uma de R$ 100 milhões, com prazo de seis meses e taxa interbancária (DI) mais 1,35% ao ano, e a outra de R$ 90 milhões, com vencimento em dois anos e custo de CDI mais 1,90%. Os recursos captados serão para reforço de capital de giro e refinanciamento de dívidas.


"Apesar das elétricas poderem se beneficiar dos aumentos no preço da energia para o consumidor final, a fraqueza do sistema elétrico brasileiro, a falta de água e, consequentemente, os necessários desligamentos, vão aumentar a desconfiança de investidores e financiadores perante estas empresas, fazendo aumentar o custo de captação", ressalta Rosario Cannata, da Audax Finance, que assessora clientes em emissões de dívida.

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Jean-Pierre Cote Gil, gestor de renda fixa da Western Asset Management Company, lembra que as empresas do setor elétrico podem utilizar estruturas de securitização frente a elevação dos custos como alternativa de captação de recursos. "Pode ser uma alternativa mais barata, ceder um fluxo futuro com anuência do órgão regulador para constituição de um fundo de investimento em direito creditório (FIDC)", afirma ele.


No ano passado, as captações locais totalizaram R$ 141,7 bilhões, montante que, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), foi 7,6% maior que o visto em 2013. Para o diretor de dívida do Bradesco BBI, Leandro Miranda, as condições mais árduas do mercado de dívida em 2015 não implicam problema para empresas que têm poucos vencimentos em 2015, de aproximadamente US$ 12 bilhões em bônus e R$ 25 bilhões em debêntures. "Para mercados de US$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões são valores pequenos, não há preocupação com refinanciamento", conclui ele.

Procuradas, Copel, Cemig D e EDP não quiseram comentar o assunto.


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