A estagnação da economia brasileira no 3º trimestre deste ano já provoca uma revisão das projeções para o desempenho do PIB neste ano. A consultoria Tendências estima que o crescimento deste deverá ficar abaixo de 3%. Já a agência de classificação de risco Austin Ratings cortou a sua projeção para o PIB do País em 2011 de 3,6% para 3%. A economista-chefe da Icap Brasil, Inês Filipa, diz que ainda precisa refazer os cálculos, mas certamente seu cenário ficará abaixo de 3,1% de crescimento em 2011, possivelmente 3% ou até 2,9%.
Enquanto isso, a previsão do governo para o PIB neste ano ainda é de 3,8%, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que o porcentual "não é alcançável" com as revisões feitas no primeiro e segundo trimestre deste ano pelo IBGE.
"Devido ao desaquecimento do PIB, é possível esperar mais medidas fiscais por parte do governo para tentar estimular o nível de atividade, especialmente relacionadas ao avanço do crédito", comentou a economista da Tendências, Alessandra Ribeiro. "Nessa conjuntura doméstica, é bem provável que a Selic atinja um dígito no próximo ano, chegando a 9,5% em abril", disse. "Além disso, fica mais difícil ainda que o governo cumpra a meta cheia do superávit primário em 2012 , que deve chegar a 2,5% do PIB".
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Segundo Alessandra Ribeiro, chamaram a atenção no terceiro trimestre ante o anterior os dados ruins do nível de atividade de setores muito importantes. O consumo caiu 0,1% e não registrava um resultado negativo desde o quarto trimestre de 2008, quando o Brasil estava em recessão e registrou queda aguda do PIB de 4,2% ante o terceiro trimestre daquele ano.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, o PIB do País "pode ainda ficar abaixo desse patamar, dependendo do resultado do quarto trimestre".
Ele explica que a queda do PIB da indústria de transformação na comparação com o trimestre anterior puxou para baixo o resultado do setor industrial - queda de 0,9% ante o segundo trimestre. Na comparação com o segundo trimestre, a indústria de transformação registrou queda de 1,4%. Ante igual trimestre de 2010, o segmento caiu 0,6%. Agostini lembra que o setor industrial responde por praticamente um terço do PIB. O economista revisou de 3,5% para 2,6% sua previsão para o PIB industrial em 2011.
No entanto, Agostini espera uma melhora no desempenho do PIB em 2012 e projeta crescimento de 4,2% da economia. "O ano que vem deve ser melhor por conta das medidas tomadas pelo governo de estímulo ao consumo e por causa das obras necessárias para preparar o País para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016", explica.