As vendas do comércio eletrônico estão desacelerando em 2015, em meio a um ambiente de aumento de preços e menor disposição de consumidores a comprar, sobretudo os da classe C, concluiu o relatório WebShoppers, da empresa especializada no setor E-bit. Assim, a projeção da companhia para o desempenho do e-commerce em 2015 foi revista: no início do ano se esperava crescimento de 20% de faturamento e agora a projeção é 15%.
Embora as vendas tenham crescido 16% no primeiro semestre deste ano ante igual período de 2014, a E-bit tem observado retração neste início de terceiro trimestre, na comparação anual. A expectativa é de alguma recuperação do ritmo de crescimento durante a Black Friday em novembro, disse Pedro Guasti, vice-presidente de Relações Institucionais do Buscapé, grupo da E-bit.
O cenário em 2015 combina uma série de fatores que até aqui nunca tinham sido experimentados pelo comércio eletrônico, diz o executivo. O número de consumidores que compram pela internet caiu, rompendo a tendência de inclusão de novos internautas nas vendas online, e a quantidade de pedidos feitos online desacelerou. Com isso, o crescimento no faturamento das empresas foi sustentado sobretudo por aumentos de preço.
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Com uma variação de preços tradicionalmente mais baixa que a média do Brasil, o e-commerce quebrou uma tendência de deflação que vinha ocorrendo até aqui. A E-bit aponta que, desde o início do estudo em 2011, o índice de preços do comércio eletrônico registrou aumento de preço médio em apenas quatro períodos, sendo que três deles ocorreram no primeiro semestre de 2015. Pelo índice Fipe/Buscapé, entre janeiro e junho, a variação acumulada foi de 3,73%.
O aumento de preços é explicado, na visão de Guasti, pela pressão cambial. Ele comentou que grande parte dos produtos de relevância no comércio online têm componentes importados, caso de aparelhos celulares e outros equipamentos eletrônicos.
A alta de preços e a menor disponibilidade de renda da população afastaram consumidores da classe C do comércio eletrônico, avaliou a E-bit. O número de pedidos na web neste primeiro semestre cresceu apenas 2,5%, chegando a 49,4 milhões. A pesquisa considera que esse resultado foi provocado por uma estagnação das compras dos consumidores chamados "light users", aqueles menos acostumados a comprar na internet e que vinham sendo incluídos neste mercado até o ano passado, a maioria de classe C.
Ao mesmo tempo, os chamados "heavy users", em média consumidores de classe social mais alta e maior renda, continuaram comprando e elevaram o tíquete médio do setor ao adquirir itens de tecnologia e eletrodomésticos. "A classe C vinha crescendo no e-commerce, mas é a mais prejudicada com a inflação e é possível que, enquanto continuarmos neste ambiente de inflação e crescimento baixo da economia, vamos continuar observando esse cenário no e-commerce", ponderou Guasti.