Apesar das restrições comerciais entre a Argentina e o Brasil, o comércio bilateral deve passar de US$ 40 bilhões em 2011, superando o recorde dos US$ 30 bilhões verificados no ano passado. As estimativas são do embaixador brasileiro em Buenos Aires, Enio Cordeiro, que se mostrou otimista com a relação entre os dois maiores sócios do Mercosul, mesmo com queixas comerciais de ambos os lados. "Não se pode negar que as barreiras afetam, mas não tem que dramatizar esses problemas do comércio porque, de maneira geral, estes assuntos estão sendo administrados", afirmou aos jornalistas brasileiros na capital portenha, durante entrevista coletiva, nesta terça-feira (26).
Às vésperas da chegada da presidente Cristina Kirchner ao Brasil, Cordeiro afirmou que "o clima entre os dois países não poderia ser melhor". Cristina será recebida pela presidente Dilma Rousseff, na sexta-feira em Brasília, às 11 horas, para uma reunião de trabalho. "O comércio, evidentemente, vai estar na agenda, porque os problemas continuam, mas as presidentes não vão analisar medidas técnicas", disse ele. Segundo o embaixador, Dilma e Cristina vão analisar se os mecanismos aplicados pelos dois países para administrar as restrições impostas de um lado e de outro estão sendo eficientes.
"Na minha avaliação, está funcionado bem porque, de janeiro a junho, o crescimento anual das exportações brasileiras para a Argentina cresceram 35% e da Argentina para o Brasil aumentaram 20%", opinou Cordeiro. O embaixador estimou que o déficit comercial argentino com o Brasil deverá aumentar de US$ 4 bilhões para US$ 6 bilhões nesse ano. Mesmo assim, ele considera que o contexto geral da relação comercial é positivo. "Nos primeiros seis meses do ano, o Brasil exportou US$ 10,5 bilhões para o mercado argentino, enquanto a Argentina exportou US$ 8 bilhões ao Brasil. Esse é um desempenho comercial que nenhum dos dois tem com nenhum outro país", ressaltou o diplomata.
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Defesa comercial
Para embaixador, reunião entre Dilma e Cristina não deverá apresentar decisão sobre a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) porque a elaboração da proposta com as especificações sobre as condições e os procedimentos de funcionamento do mecanismo ainda está em debate.
Durante discurso na Cúpula do Mercosul, realizada no dia 29, em Assunção, Dilma defendeu a aplicação de medidas comuns de defesa comercial para proteger as indústria do bloco regional. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, retomou a proposta que a Argentina apresentou no ano passado de elevação da TEC para frear o aumento das importações de produtos provenientes de fora do Mercosul, para que estejam, comprovadamente, afetando a competitividade das empresas nacionais.
Atualmente, a tarifa máxima cobrada para mercadorias de fora do Mercosul é de 35%, e a média é de 14%. Quando a proposta foi apresentada, houve resistência por parte do Brasil, Paraguai e Uruguai. No entanto, diante do aumento das importações, especialmente de produtos chineses, os sócios se mostraram mais dispostos a debater o assunto.