Mesmo com preços diferenciados para cada forma de pagamento - medida defendida pelo Banco Central -, os brasileiros só deixarão de usar o cartão se o valor cobrado nesta modalidade estiver muito acima daquele aplicado no pagamento com cheque ou dinheiro. A afirmação é do economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo.
"O cartão traz facilidades. Você não precisa ir até o caixa eletrônico tirar dinheiro. Aliás, dependendo do valor da compra, nem dá para sacar nos ATM´s. Sem falar que o cartão dá um tempo de pagamento para o consumidor, mesmo que ele não parcele. Por isso, acredito que o consumidor só vai abandonar o plástico se o valor for muito maior. Assim, como a alta de juros não faz com que o brasileiro pare de comprar, R$ 1 ou R$ 2 a mais no preço não impedirão o uso do cartão", afirma.
Dificuldades
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O economista não defende o preço diferenciado. Segundo ele, dependendo da forma como essa medida for redigida, pode trazer muitas dificuldades ao comerciantes.
"Para os grandes estabelecimentos, será muito complicado, operacionalmente falando, praticar dois preços. Se o comerciante tiver de colocar dois preços nas etiquetas, anúncios e vitrines, será uma burocracia muito grande. Agora, se o preço diferenciado puder ser praticado por meio de descontos, é diferente, pois fica mais fácil e menos burocrático".
Já para as pequenas empresas, Solimeo afirma que, se a sugestão do BC entrar mesmo em vigor, os impactos não serão muito grandes. "Para as empresas menores seria mais fácil. Algumas já fazem isso: cobram preços diferenciados oferecendo desconto para quem paga com dinheiro. Mas explicitar que são dois preços é complicado".
Ele garante ainda que, caso passe a ser permitida a cobrança de preços diferenciados, as grandes empresas não optarão por colocar nos produtos dois preços. "Acho que as empresas maiores vão preferir praticar um preço único, e diluir os custos no total, ou seja, os gastos que ela tem para aceitar os cartões serão incluídos no preço".
Questionado se isso não é injusto com os consumidores que não utilizam o cartão, Solimeo defende que não. "Não acho que isso prejudica o consumidor que não usa o cartão, já que os comerciantes que aceitam o plástico vendem mais, o que, de certa forma, compensa, já que os custos são bem distribuídos. O que acho injusto são os comércios que parcelam em muitas vezes no cartão e não dão descontos para quem paga à vista, no cheque ou dinheiro. Isso sim é uma discriminação com o consumidor que não tem o cartão".
Fonte: InfoMoney