Às vésperas da abertura da Copa do Mundo no Brasil, o legado começa a ser avaliado. A perspectiva é de que o Mundial não traga impacto significativo para Londrina. A cidade chegou a ser cogitada para hospedar seleções estrangeiras, mas as tratativas não evoluíram e a Copa do Mundo vai passar longe de um dos principais centros do Sul do País.
O presidente do Londrina Convention & Visitors Bureau, Reinaldo Cassimiro da Costa Junior, acredita que o reflexo do torneio para cidade será negativo. "As operadoras de turismo já nos alertaram que muitas empresas estão cancelando reservas no período da Copa do Mundo. Londrina recebe muitos empresários e isso nos afeta diretamente. A estimativa é de uma queda de 30% a 40% na movimentação turística".
Reinaldo esteve diretamente ligado nas negociações para a cidade receber uma delegação estrangeira. Para o presidente do Londrina Convention, faltou vontade política. "Tínhamos total capacidade para receber uma equipe, mas faltou articulação e dinheiro. Nada acontece sem investimento. Tinha que preparar um material de divulgação da cidade e fazer o contato direto com as delegações".
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Gerente de uma rede hoteleira, Reinaldo calcula o benefício caso Londrina fosse uma subsede. "Ia gerar mídia positiva para a cidade durante um mês. A presença de jornalistas e torcedores estrangeiros resultaria em um bom retorno financeiro. Tenho certeza que as pessoas da cidade abraçariam a seleção que ficasse aqui hospedada".
O dirigente do Londrina Convention espera que a frustração sirva de lição. "É preciso entender que turismo não é só lazer. Uma pessoa que está em outra cidade precisa se hospedar, se alimentar e de diversos outros serviços. O que muda é o tipo de turismo e cada um é uma oportunidade de negócio, mais dinheiro injetado na cidade".
Retorno astronômico
Londrina vai assistir a Copa do Mundo batendo palmas. Está é a opinião de Alzir Bocchi, vice-presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina (SindHotéis). Bocchi destaca que a cidade poderia estar participando efetivamente da Copa do Mundo caso recebesse alguma seleção. Para ele, o retorno seria incalculável.
"Não dá para mensurar. Se aqui tivéssemos uma seleção tradicional ou de cultura enraizada na cidade, como japonesa, italiana e espanhola, o retorno seria astronômico. Coisa de lotar todas as redes de hospedagens da cidade e da região".
Apesar do fascínio, o vice-presidente do sindicato conta que a cidade por si só já é atrativa. "Temos uma rede hoteleira estruturada, confortável e por um bom preço. A gastronomia local também é de qualidade". A poucos dias do Mundial, Bocci estima que cerca de 12% das reservas foram feitas especificamente para o período da Copa. "São pessoas do interior do Paraná e de São Paulo que gostam de aproveitar a estrutura de Londrina. Nossa cidade é tradicionalmente festiva no esporte, isso funciona como atrativo".
O que pode ajudar Londrina na última hora a ocupar mais vagas nos hotéis são turistas que buscam fugir dos preços altos das capitais que vão receber os jogos. "Poderemos ter paraguaios e argentinos que buscam por preços melhores, mas também por um serviço de qualidade para acompanhar a Copa".
Sobre o que poderia ter sido feito para Londrina ser parte ativa no cenário da Copa, o presidente do SindHotéis avalia que a cidade tem boas instalações, mas a infraestrutura deixa a desejar. "Precisamos tirar uma lição disso tudo. Londrina tem bons hotéis, bons restaurantes, praças esportivas, mas ainda falta muita estrutura na saúde, na segurança e na logística. Não temos segurança para receber um avião em qualquer horário do dia independente das condições climáticas. Temos que ser realistas e olhar isso com maturidade".