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Dizem analistas

Corte de gastos abriria espaço para mínimo maior

BBC Brasil
17 fev 2011 às 09:44

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A adoção de medidas mais efetivas de controle dos gastos públicos pelo governo reduziria o impacto fiscal do aumento do salário mínimo, o que daria margem para um reajuste maior do que o aprovado pela Câmara nesta quarta-feira, na opinião de especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

Após a a rejeição de duas emendas que previam reajustar o salário mínimo para R$ 560 (do DEM) e R$ 600 (do PSDB), a Câmara aprovou a proposta que eleva o valor de R$ 540 para R$ 545. O projeto segue agora para o Senado e, se aprovado, começa a valer em 1º de março.

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Para o economista e analista da Tendências Consultoria, Felipe Salto, o ajuste fiscal que vem sendo defendido pelo governo - e motivou um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União para 2011 - deveria afetar primeiramente outros setores.

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"Teria que começar cortando na própria carne, com eficiência nos gastos e com a melhora das práticas de gestão pública", afirma.

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Uma das medidas defendidas por Salto é a adoção de uma política de pessoal que reduza o espaço dos cargos de confiança e elimine reajustes acima do mercado para algumas categorias de servidores, enquanto outras carreiras são, segundo o economista, subvalorizadas.


Salto avalia que, ao aprovar reajustes de salário para membros do Executivo e do Legislativo, os parlamentares perderam legitimidade para discutir a restrição no aumento do mínimo. Em dezembro, os salários de deputados, senadores, presidente, vice e ministros foram reajustados para R$ 26,7 mil. "Como explicar isso para a sociedade?", diz.

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Racionalização


O professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em finanças públicas Roberto Piscitelli também vê na racionalização dos gastos uma medida mais adequada para buscar o equilíbrio das contas públicas.

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Na opinião de Piscitelli, não faltam recursos ao governo. "A questão é identificar o que é prioritário", diz.


Para ele, gastar com viagens desnecessárias, ou então definir a compra de equipamentos para as Forças Armadas sem discutir antes um modelo de defesa, são exemplos de gastos que podem ser mais bem pensados.

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Na opinião da especialista em contas públicas e consultora da e-Stratégia Pública Florencia Ferrer, o descontrole dos gastos do governo preocupa mais em termos fiscais do que o valor do mínimo.


Para combater o problema, uma das saídas apontadas por ela seria a racionalização dos gastos, com o uso mais controlado de itens como energia, água, papel de impressoras e combustíveis.

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"Quando se pensa em uma empresa, ela não pode se dar ao luxo de ter seis tipos de impressora, por exemplo. Quando não se tem controle, o problema maior é o que isso gera em termos de despesa", afirma.


Previdência

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A necessidade de manter o equilíbrio das contas da Previdência é um dos principais argumentos usados pelo governo contra reajustes maiores do salário mínimo, já que a ele estão atrelados os benefícios recebidos pela maior parte dos aposentados e pensionistas do país.


Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil, entretanto, avaliam que o impacto do mínimo no setor previdenciário pode ser menor do que se pensa.


Roberto Piscitelli afirma considerar remota a possibilidade de um aumento no salário mínimo causar um rombo nas contas da Previdência. Para ele, o problema maior no setor são imprecisões, incorreções e tratamentos contábeis inadequados feitos entre contas que são previdenciárias e outras que não são.


Segundo Piscitelli, estes problemas já foram apontados anteriormente em relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU). "Parece que há a necessidade de criar essa confusão pra manter o discurso de que é preciso fazer grandes reformas. Elas são necessárias, mas devem ser feitas ao longo do tempo, e já deveriam estar sendo feitas", diz.


Na opinião de Felipe Salto, o valor das pensões e aposentadorias da Previdência deveria ser desatrelado do salário mínimo, reduzindo o impacto fiscal dos reajustes.


Já o mínimo deveria ter, para o analista, uma política de reajuste baseada em índices de produtividade, que estabeleçam uma relação entre a evolução de mão-de-obra no país e fatores como educação e investimento em capital humano.


"Adotar o critério de produtividade garantiria evolução de ganhos reais para o mínimo e reduziria o debate que todo ano se concentra no impacto fiscal", diz Salto, que critica o atual modelo de reajuste – que soma a variação da inflação com a alta do PIB de dois anos antes.

"A conjuntura de 2011 é diferente da de 2009, assim como a de 2010 foi diferente da de 2008."


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