Os diretores do Expoara Centro de Eventos, em Arapongas, decidiram adiar por tempo indeterminado a 10ª edição da Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira (FIQ), que estava marcada para 26 a 29 de abril de 2016, devido à crise econômica nacional. É a primeira vez que o evento tem a data cancelada. Os 32 expositores que já tinham assinado contrato receberão restituição de valores pagos, com correção, segundo os organizadores.
Tradicionalmente, a realização da FIQ é intercalada, ano a ano, com a Feira de Móveis do Estado do Paraná (Movelpar). O presidente do centro de eventos, Wanderley Vaz de Lima, disse ontem que o adiamento da edição de 2016 não prejudicará a Movelpar de 2017 e que ambas podem até mesmo ser feitas no mesmo ano. "Devido ao momento econômico que o País vive, não se justifica fazer uma feira que corre o risco de não resultar em negociações", afirmou.
Ele considerou que os investimentos em maquinário são caros e que, por mais que os empresários necessitem de equipamentos mais avançados para baratear custos, o início do ano que vem não será o mais apropriado para as vendas. Vaz de Lima negou, ainda, que o cancelamento seja motivado pela falta de expositores interessados. "Mesmo que tivéssemos expositores e visitantes, não teríamos muitos negócios."
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Todos os empresários com contrato assinado receberão comunicação oficial sobre a decisão e sobre a possível restituição financeira, disse o presidente da Expoara. Ele também disse que não houve prejuízo. "O que gastamos em marketing até agora é fácil de assimilar. As maiores despesas viriam depois", lembrou.
Cenário complicado
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), Nelson Poliseli, o mercado para o setor está ruim, a margem de lucro caiu, mas a tendência é de recuperação no segundo semestre deste ano. "As indústrias em Arapongas estão diminuindo um pouco o número de funcionários e se adaptando à realidade, mas está bem. A crise é nacional, não do setor."
Sobre o cancelamento, Poliseli disse que não foi comunicado oficialmente. "Suspender nunca é bom, mas fazer a feira e correr o risco de ter prejuízo também não seria", afirmou.
Parceiro da FIQ, o presidente da Associação dos Fornecedores para as Indústrias de Madeira e Móveis (Affemaq), Fabrício Zanetti, considerou a decisão como prudente. "Acredito que quem mais perde com isso é o mercado local, um grande polo moveleiro sem sua feira mais expressiva e que deixa de receber as novidades que o mercado oferece, inclusive as novas tecnologias desenvolvidas para driblar os efeitos da crise."
Zanetti também disse esperar uma recuperação no segundo semestre deste ano. "Talvez não seja o suficiente para estimular os investimentos no primeiro semestre de 2016", completou o presidente da Affemaq.
Vaz de Lima completou que os diretores da Expoara ficarão atentos a uma possível mudança de rumo no cenário econômico nacional e do setor moveleiro, para decidir sobre nova data para a FIQ. Ele completou que 60% dos pontos para expositores da Movelpar 2017 já foram comercializados e que um evento não afetará o outro.
Na edição anterior da FIQ, entre 11 e 14 de março de 2014, os organizadores estimaram em R$ 300 milhões os negócios realizados ou marcados para o pós-feira. Mais de 300 industriais de pequeno e médio portes passaram pela Expoara, em um total de 18.321 visitantes de 25 estados e de oito países.