Em ação isolada de outras centrais sindicais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promete realizar nesta quarta-feira, 6, manifestações em cinco aeroportos do País contra a proposta do governo Dilma Rousseff de privatização desse setor aéreo. No chamado Dia Nacional de Mobilização, a central pretende chamar a atenção dos passageiros contra o modelo de concessão em discussão no governo. Para a entidade, o setor aéreo corre o risco de repetir os resultados da privatização do setor elétrico, onde houve, segundo os sindicalistas, redução da qualidade dos serviços e aumento de tarifas. "Poderemos ver em um curto espaço de tempo o que ocorreu com o setor elétrico", afirmou o presidente da CUT, Artur Henrique. "Hoje uma grande quantidade de empresários reclama das tarifas de energia elétrica."
Às 7h desta quarta-feira, os sindicalistas levarão caminhões de som, apitos e panfletos para a entrada dos aeroportos de Cumbica e Viracopos (SP), Tom Jobim (RJ), Confins (MG) e Juscelino Kubitschek (DF). "Nossas entidades são contra a forma como a proposta está sendo apresentada à sociedade", reforçou o presidente da CUT. A manifestação deve reunir aeroportuários e representantes dos aeroviários e pode durar toda a manhã, com risco de complicar a viagem dos passageiros. "Pode atrasar alguma entrada, mas nada será feito para prejudicar os passageiros", disse.
Na opinião da CUT, o governo federal erra ao abrir mão do controle do setor aéreo, o que poderia comprometer a segurança aeroviária. "Não queremos riscos desnecessários no setor", justificou.
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Artur acredita que, se as tarifas aeroportuárias subirem, a classe média emergente que hoje utiliza avião terá de voltar para o transporte rodoviário. "Quando houver a privatização, e sem o controle do Estado, nós vamos tirar os pobres dos aeroportos e mandá-los de volta para a rodoviária", disse.
O presidente da CUT criticou a falta de investimentos estruturais e disse que os aeroportos podem virar "shopping centers" para atrair a iniciativa privada. "Vamos melhorar os shoppings dentro dos aeroportos e ter coxinha a R$ 10 ou fazer os investimentos necessários? Não queremos shoppings onde, de vez em quando, pousam aviões", afirmou.
Reivindicações - Além do ato nos aeroportos, haverá mobilizações amanhã em todos os Estados, incluindo assembleias em porta de fábrica, marchas, panfletagens a paralisações. Na pauta de reivindicações estão a implementação do plano nacional de Educação com investimento no setor de 10% do PIB e de 50% dos recursos do pré-sal, redução da jornada de trabalho, fim do fator previdenciário e mudança da estrutura sindical do País.
No Pará, uma manifestação em Belém, em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), terá como principais reivindicações o fortalecimento da agricultura familiar, o barateamento da produção de alimentos e a investigação da Polícia Federal dos crimes cometidos no campo.
"Estamos vendo o assassinato de líderes camponeses que vêm denunciando o desmatamento ilegal e o uso de madeira ilegal. É uma situação que persiste em várias regiões do País", criticou.
Ao lado do coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, os sindicalistas farão, às 9 horas, uma passeata da Secretaria Estadual de Justiça até a Assembleia Legislativa do Pará. Artur Henrique embarcará hoje para Belém. "Vou hoje para não atrasar o voo de amanhã", brincou.
Em agosto, a CUT pretende realizar manifestações no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo é cobrar dos parlamentares a votação da PEC do Trabalho Escravo e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Dos magistrados, os sindicalistas querem mais celeridade no julgamento dos processos trabalhistas.
A entidade conta também com a força de mobilização de categorias como petroleiros, bancários, metalúrgicos e eletricitários, que fazem campanha salarial no segundo semestre.