O novo presidente da República terá que priorizar questões estruturais como resgatar um ambiente favorável para a realização de negócios e fazer as reformas microeconômicas como a tributária, fiscal, trabalhista, política e previdenciária. Além disso, será necessário recuperar a capacidade de investimento do Brasil.
A ausência das reformas está ''asfixiando os empresários e consumidores'' em um país que a carga tributária chega a 37% do Produto Interno Bruto (PIB), e que não retorna para a população em forma de serviços e infraestrutura. A opinião é do coordenador do curso de Economia da FAE, Gilmar Mendes Lourenço. Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) aponta que o brasileiro trabalha 148 dias do ano só para pagar impostos.
Ele destaca que será necessário fazer uma reformulação das despesas públicas. Hoje, 83% do orçamento do País vai para despesas com pessoal, custeio da máquina e previdência. Outros 15% vão para o pagamento de juros e encargos das dívidas interna e externa. O total das duas dívidas chega a US$ 1,4 trilhão, o equivalente a 35% do PIB. Sobram apenas 2% para investimentos. Para Lourenço, será necessário fazer uma reestruturação da dívida.
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Outro desafio para o novo presidente será recuperar o dinamismo das exportações. Hoje, o Brasil é exportador de commodities e teria que vender para o mercado externo produtos com mais valor agregado. Para isso, será necessário reduzir os juros, investir em infraestrutura e em ciência e tecnologia.
Lourenço acredita que qualquer um dos dois candidatos que assuma a Presidência vai manter a política econômica, mas terá que reduzir a taxa de juros para diminuir o peso da dívida no orçamento do governo.
A previsão do mercado é de que a economia continue crescendo, mas em ritmo menor. Neste ano, a estimativa de alta para PIB é 7,5% e, para 2011, a projeção fica entre 4,5% e 5%. ''A economia terá que crescer menos para o governo reduzir os gastos e poder aumentar os investimentos em infraestrutura'', afirmou. Com crescimento menor, a geração de empregos também deve diminuir.
No caso do câmbio, será necessário promover uma desvalorização do real com a redução dos juros e dos gastos do governo. Com a moeda brasileira desvalorizada será possível melhorar a competitividade das exportações.
Outro ponto crucial da economia é o controle da inflação, que segundo ele, não corre riscos. Neste ano, a meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central é de 4,5% com possibilidade de variar dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Para 2011, também já foi determinado o mesmo percentual de 4,5%.
O assunto foi discutido na palestra que Lourenço ministrou ontem ''Brasil: Potencialidades e Desafios após a Crise'' durante a 10 Feira de Gestão que terminou ontem (7) no Estação Convention Center, em Curitiba.