O presidente da Federação Nacional dos Despachantes e do Sindicato dos Despachantes do Paraná, Everton Calamucci, admitiu, em reunião na sede do Ministério Público (MP) de Londrina nesta quarta-feira (26), que, de uns meses para cá, começou a ser registrado no município o alinhamento de preços das placas de veículos comercializadas pelos despachantes e por fabricantes.
"Tudo isso aconteceu depois que o Detran fez algumas adequações nas placas, relacionadas ao lacre, e repassou as mudanças à Associação dos Fabricantes de Placas do Paraná. A Afaplacas adotou os reajustes e começou a impor preços para a liberação das identificações. Antigamente, um par de placas custava de R$ 40 a R$ 60 em Londrina. Hoje em dia, as identificações podem sair por até R$ 180", destacou Calamucci. "Não dá para abaixar o preço por causa da imposição da associação. É por isso que os valores cobrados, independentemente do despachante, são praticamente os mesmos", completou.
A denúncia foi formalizada pela categoria no MP e deve ser apurada, a partir de agora, pela Promotoria de Defesa do Consumidor de Londrina - o suposto cartel já tinha sido discutido na última semana na Câmara Municipal, pelo vereador Jamil Janene (PP). O parlamentar pepista também participou da reunião nesta quarta.
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Everton Calamucci destacou também que alguns fabricantes de placas do estado tentaram driblar a imposição da Afaplacas, mas acabaram sofrendo represálias e até ameaças. "Hoje em dia algumas fábricas funcionam até com segurança particular", destacou. O despachante disse ainda que o alinhamento de preços é registrado em outras cidades do Paraná, como Cascavel e Curitiba.
O promotor de Defesa do Consumidor de Londrina, Miguel Sogaiar, disse que já abriu um procedimento para apurar o caso. Ele também pretende oficiar Detran e Afaplacas pedindo para que os órgãos apresentem esclarecimentos sobre o suposto cartel. O Ministério Público vai enviar, ainda, pedido ao Procon de Londrina, para que o núcleo fiscalize despachantes e fábricas visando a coibição do alinhamento de preços.
Em comunicado oficial publicado em seu site no último dia 14, a Afaplacas definiu a denúncia como "artimanhas e saída ilícitas" usadas, segundo a entidade, para desestabilizar a categoria. A associação garante, ainda, que já enviou ofício ao Detran pedindo a apuração dos fatos e que chegou a procurar o Sindicato dos Despachantes, mas não obteve resposta para o início de um diálogo sobre a questão.
"Estamos e sempre estaremos alertas para os acontecimentos, estamos juntos, lutando, mostrando a verdade, tomando as medidas que forem necessárias para o fortalecimento da classe", destacou a Afaplacas no comunicado.