A presidente Dilma Rousseff vai mudar toda a diretoria da Petrobras. A saída da presidente da companhia, Graça Foster, é questão de dias e está atrelada apenas à aprovação do balanço do terceiro trimestre de 2014 da estatal. Dilma conversou ontem com Graça, durante pouco mais de duas horas, no Palácio do Planalto, e comunicou a decisão. O governo procura agora um nome do mercado para substituir a executiva.
Dilma quer repetir a solução "à Levy", uma alusão ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que era diretor do Bradesco e foi chamado para o governo com a missão de resolver os problemas na economia e acalmar o mercado. Na terça-feira, 3, a expectativa pela mudança no comando da petrolífera impulsionou as ações da estatal - que encerraram com a maior alta dos últimos 16 anos - e ofuscou as notícias de rebaixamento do rating (classificação da qualidade de crédito de uma empresa) da estatal, anunciada pela agência Fitch.
Na avaliação da presidente, depois da Operação Lava Jato, que escancarou um esquema de corrupção na Petrobras, a companhia precisa de um nome de peso para limpar sua imagem.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Cotados
Na lista dos cotados para substituir Graça estão o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ex-presidente da BR Distribuidora Rodolfo Landim, que trabalhou com Eike Batista na OGX, e o ex-presidente da Vale Roger Agnelli.
Além da espera da aprovação do balanço, a substituição do comando da estatal esbarra nas dificuldades do governo para encontrar quem queira ocupar a presidência de uma empresa em crise, alvejada por denúncias de corrupção. Por isso, a decisão de condicionar o afastamento da atual diretoria à aprovação do balanço. Nesse cenário, a nova diretoria assumiria com o "terreno limpo", livre de ser responsabilizada por desvios de dinheiro praticados por gestões anteriores.
Desde que veio à tona o escândalo envolvendo a Petrobras, no ano passado, Graça chegou a pedir para sair do cargo três vezes. Dilma a segurou, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregasse sua demissão. A permanência de Graça à frente da companhia sob investigação sempre foi um anteparo para Dilma.
Agora, o impasse contábil da Petrobras aflige o governo. O balanço não foi auditado ainda pela PriceWaterHouse Coopers. A empresa evita assinar o balanço enquanto a estatal não apontar quais foram as perdas com as fraudes que estão sendo investigadas na Lava Jato.
Graça sofreu forte desgaste político ao divulgar que os ativos da empresa foram inflados em R$ 88,6 bilhões. Sua imagem piorou ainda mais com declarações de que a exploração de petróleo cairá "ao mínimo necessário" e de que haverá corte de investimentos e desaceleração de projetos.
No governo a divulgação dos ativos inflados de R$ 88,6 bilhões foi considerada uma "trapalhada" da atual presidente. Ao citar o número em entrevista da semana passada, ela deu a entender que a cifra poderia ser prejuízo da empresa, embora depois tentasse explicar que ali estavam incluídos projetos mal planejados e até mesmo a variação em dólar do preço do petróleo, além dos desvios por corrupção.
Em Brasília, Graça não esteve apenas no Planalto. Antes de conversar com Dilma, ela se reuniu com o ministro da Fazenda, que fora incumbido pela presidente de procurar nomes do mercado para o comando da Petrobras. Nesse intervalo, voltou ao escritório da empresa para conversar com a diretoria, que estava no Rio de Janeiro, por videoconferência.
No encontro com Dilma, Graça deu demonstrações de que está esgotada. O fogo amigo contra ela foi desencadeado com a decisão de não poupar mais o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, amigo de Lula, dos problemas da administração anterior.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.