Em entrevista publicada ontem pelo jornal Washington Post, a presidente eleita, Dilma Rousseff, criticou abertamente a política de desvalorização do dólar levada a cabo pelos Estados Unidos, mas defendeu a melhoria das relações entre Brasília e Washington. "A desvalorização do dólar é de fato uma preocupação para nós, porque afeta o comércio internacional e também uma desvalorização de nossas reservas em dólares", disse Dilma. "Uma política de desvalorização sistemática do dólar pode desencadear reações de protecionismo, o que nunca é uma política boa a ser seguida."
A presidente eleita fez questão, porém, de enfatizar que seu governo buscará estreitar os laços com o governo de Barack Obama e que tem grande admiração por sua vitória nas últimas eleições americanas. "Deve ser muito difícil ser capaz de eleger um presidente negro nos Estados Unidos, assim como foi muito importante eleger uma mulher para presidente do Brasil."
Segundo ela, Brasil e EUA podem trabalhar juntos e dar grande contribuição ao mundo, por exemplo, para desenvolver tecnologias para agricultura e atuar com ajuda humanitária na África. A presidente eleita negou que pretenda visitar os EUA antes da posse. "Não vou visitar nenhum país agora. Tenho de organizar minha própria administração. Tenho 37 ministros para nomear. Mas planejo visitar o presidente Obama nos primeiros dias depois da minha posse, se ele me receber", disse. Ela informou também que, durante o encontro do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), realizado em novembro, em Seul, já fez um convite informal a Obama para vir ao Brasil.