A disputa comercial entre o Brasil e a Argentina já deixa sinais dos dois lados da fronteira. Enquanto na alfândega brasileira milhares de veículos aguardam entrada no país vizinho, no lado argentino uma fábrica com 700 funcionários já suspendeu a produção.
Nesta terça-feira, a maior fábrica de batatas pré-fritas instalada na Argentina, a canadense McCain, confirmou a suspensão de sua produção.
Cerca de 70% das mercadorias da companhia são destinadas ao mercado brasileiro. A decisão da empresa, que tem 700 trabalhadores, foi tomada após a informação de que o Brasil havia suspendido, na semana passada, a importação de gêneros alimentícios argentinos.
O bloqueio brasileiro foi interpretado como uma represália às barreiras do país vizinho aos seus produtos.
A BBC Brasil entrou em contato com a McCain, que disse estar em contato com "as autoridades argentinas para achar uma solução ao problema".
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No setor empresarial, estima-se que cerca de trinta caminhões com mercadorias argentinas estão parados apenas em um dos pontos fronteiriços, na localidade de Santo Tomé, na Província de Corrientes.
Brasil 'endurece'
As disputas entre os dois países estão, nesta terça-feira, entre as principais notícias do dia na mídia argentina . O jornal Clarín afirmou que o Brasil "endureceu" sua postura e, assim como a Argentina, decidiu aplicar licença prévia para liberar alguns produtos, que podem ficar até 60 dias parados na fronteira.
Em muitos casos, os produtos exportados estão entre as principais atividades de economias regionais da Argentina, como as maçãs produzidas nas províncias de Rio Negro e de Neuquén, na Patagônia. Por isso, analistas temem que a medida afete o ritmo dessas economias.
Antes do bloqueio brasileiro, as autoridades argentinas haviam impedido o desembarque de automóveis importados do Brasil, segundo informou a agência Dyn de notícias. São cerca de 30 mil automóveis parados no porto de Zarate, na província de Buenos Aires, esperando autorização do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, para o desembarque.
O setor automotivo é o principal na balança comercial bilateral e a lista deste comércio bilateral inclui ainda alimentos, combustíveis e outros.