Pelo quinto dia consecutivo, o dólar comercial fechou em baixa, cotado a R$ 1,928 no mercado interbancário de câmbio. Nesta sexta-feira, o recuo foi de apenas 0,10%, mas com as cinco sessões seguidas de baixa, acumulou queda de 3,60% na semana. No mês, o dólar registra baixa de 1,83% e no acumulado do ano, -17,43%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista cedeu 0,05% hoje e fechou o pregão a R$ 1,929.
Os investidores locais e estrangeiros reforçaram as vendas da moeda norte-americana estimulados pelos ganhos dos últimos quatro pregões das Bolsas em Nova York, que hoje oscilaram entre leves baixas e altas. O reposicionamento amparou-se em dados macroeconômicos dos EUA melhores do que o esperado, como o índice Empire State sobre as condições para as fábricas de Nova York e a produção industrial do país em junho, e no forte otimismo gerado pelos primeiros balanços anunciados do segundo trimestre de empresas e bancos norte-americanos, como os da Intel e dos bancos Goldman Sachs e JPMorgan. Nos EUA, a produção industrial caiu 0,4% em junho, melhor do que a previsão de queda de 0,7%. Além disso, a China registrou um crescimento de 7,9% da economia no segundo trimestre, superando a média das projeções dos analistas.
Esse conjunto de fatores elevou o sentimento no mercado de que a economia dos EUA poderá sair da recessão antes do previsto inicialmente. Ontem, o professor da Universidade de Nova York Nouriel Roubini previu que os EUA sairão da recessão no final deste ano e hoje a equipe de pesquisa do Standard Chartered Bank divulgou que este mês pode marcar o fim da recessão nos Estados Unidos, com a economia norte-americana já sinalizando reação inicial no mês de agosto.
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O fluxo cambial positivo para investimentos diretos no Brasil e para a Bolsa de Valores de São Paulo também ajudaram nessa trajetória de baixa do dólar, a despeito das compras diárias de moeda realizadas pelo Banco Central. No leilão de hoje, o BC fixou a taxa de corte das propostas em R$ 1,9299. Essas atuações do BC, retomadas em 8 de maio deste ano, foram determinantes para que as reservas internacionais brasileiras atingissem ontem um novo recorde histórico, totalizando US$ 209,576 bilhões, pelo conceito de liquidez internacional. O valor mais alto já atingido pelas reservas, até então, havia sido de US$ 209,386 bilhões, em 6 de outubro de 2008.
Hoje, os investidores não quiseram arriscar grandes posições no câmbio porque querem esperar para avaliar os eventos e indicadores previstos nas agendas dos EUA e do Brasil na próxima semana, como os depoimentos do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, ao Congresso na terça-feira e quarta-feira, e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro para a taxa Selic (juro básico brasileiro) na quarta-feira, disse um operador de Tesouraria de um banco estrangeiro. Para esta fonte, um eventual corte de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic na próxima semana poderá animar os investidores estrangeiros a seguirem migrando para a Bovespa, porque esta decisão beneficiaria as empresas locais. Assim, poderia ainda haver novos ingressos de recursos no País, com possibilidade de recuo do dólar se o ambiente externo também for favorável, avaliou.