O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em uma primeira análise do mercado, segue tentando conter a desvalorização do dólar ante o real no "grito". Quando sua assessoria anunciou uma coletiva do ministro para falar sobre câmbio, logo no começo da tarde, boa parte do mercado esperava o anúncio de novas medidas para conter a valorização do real. Houve reação imediata e a moeda norte-americana, que já registrava valorização de cerca de 0,50%, ampliou rapidamente os ganhos até bater na máxima de R$ 1,671 (+1,27%) às 15h37. Veio a entrevista e nenhuma medida foi anunciada, fazendo a moeda desacelerar quase que imediatamente para R$ 1,662 (+0,73%).
No fechamento, o dólar comercial valia R$ 1,664, com alta de 0,85% no mercado interbancário de câmbio. Na BM&F, a moeda encerrou com avanço de 0,86%, a R$ 1,6632. O euro comercial avançou subiu 0,36% para R$ 2,216.
Em sua fala, O ministro disse que não anunciaria medidas hoje, mas destacou que o governo já está trabalhando em uma "ação fiscal forte" que, no médio prazo, tende a contribuir para reverter o processo de valorização do real. Ele atribuiu a desvalorização do dólar nas últimas semanas aos sinais de melhora da economia norte-americana. Além disso, o ministro afirmou que a valorização do real acendeu o sinal de alerta do governo, que, segundo ele, está pronto para tomar medidas para conter esse processo. "Não mediremos esforços para impedir que o dólar derreta, seja direta ou indiretamente", afirmou.
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Para José Carlos Amado, da Renascença Corretora, o mercado deveria saber que dificilmente viria alguma medida nova com os negócios em andamento. No entanto, há interpretações para a fala de Mantega. "O ministro pode estar querendo dizer que não deseja tomar medidas agora, mas que se o dólar continuar caindo, terá de fazer isso. É um aviso", analisa.
O Banco Central realizou novamente dois leilões de compra de dólares hoje. No primeiro, a taxa de corte foi de R$ 1,6556. No último, já durante a coletiva de Mantega, a taxa ficou em R$ 1,6690.
No exterior, o dólar também se valorizava ante algumas moedas, revigorado por dados positivos vindos dos Estados Unidos. As encomendas à indústria norte-americana subiram 0,7% em novembro, para US$ 423,85 bilhões, na comparação com outubro, informou o Departamento do Comércio. A previsão dos economistas era de uma queda de 0,1%.