O dólar comercial rompeu hoje o nível de R$ 1,70 e fechou cotado a R$ 1,692 (-0,76) no mercado interbancário de câmbio, no menor valor desde 3 de setembro de 2008, quando encerrou a R$ 1,6780. A moeda norte-americana voltou assim a cotações anteriores à quebra do Lehman Brothers, episódio que marcou o agravamento, em meados de setembro de 2008, da crise financeira global. No mês, a divisa dos EUA acumulou queda de 3,64% ante o real; no terceiro trimestre o recuo é de 6,20% e no ano, cai 2,93%. Na BM&F, a moeda registrou recuo de R$ 0,75% a R$ 1,6912 - mínima do dia. O euro comercial apresentou perda de R$ 0,69% a R$ 2,307.
O movimento de desvalorização da moeda norte-americana em setembro decorreu de fluxo financeiro mensal recorde, devido ao ingresso de recursos estrangeiros para a capitalização da Petrobras (cujo valor ainda não foi definido, mas é estimado entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões) e a uma onda de US$ 8,9 bilhões em captações externas corporativas. Dados divulgados ontem pelo BC mostraram que nas quatro primeiras semanas de setembro houve o ingresso de US$ 14,456 bilhões pelo fluxo financeiro e mesmo sem os quatro últimos dias do mês o dado preliminar já é novo recorde histórico para todos os meses desde o início da série histórica em 1982. A desvalorização da divisa dos EUA no mercado internacional, sobretudo nos últimos dias, também contribuiu para a apreciação do real.
A desvalorização do dólar em setembro ocorreu a despeito de o BC ter intensificado suas compras diárias da moeda no mercado à vista com a adoção, a partir do dia 8, de dois leilões diários, com os quais enxugou, até ontem cerca de US$ 11,4 bilhões, nas estimativas de agentes. Ao longo do mês, também, o governo, principalmente através do ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a lembrar ao mercado sobre a possibilidade de usar outros instrumentos de controle da apreciação do real. Entre as possibilidades citadas estiveram os leilões de swap cambial reverso, as compras de dólares por parte do Fundo Soberano do Brasil, alterações no IOF para estrangeiros e mudanças nas regras de posições cambiais das instituições financeiras.
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Hoje, o dólar recuou pressionado, sobretudo, pela disputa de investidores neste último dia do mês para influenciar a formação da Ptax que será utilizada na liquidação dos contratos de dólar futuro outubro amanhã. Essa briga foi vencida hoje pelos "vendidos". Um sinal de que a disputa foi intensa é o grande aumento do volume registrado na clearing da BM&F. O giro financeiro somou US$ 4,929 bilhões, ante US$ 3,008 bilhões ontem.
Em meio ao dólar abaixo de R$ 1,70, o BC seguiu com suas medidas tradicionais, ou seja, a realização de dois leilões diários. No primeiro, entre 11h11 e 11h16, a taxa de corte foi de R$ 1,6969. No segundo, das 15h494 às 15h54, o corte foi a R$ 1,6920.
No mercado de Nova York, às 117h10 (Brasília), o dólar caía ante o iene e o euro. Era cotado por 83,48 ienes, ante 83,70 ienes no fim da tarde de ontem. No mesmo horário, o euro valia US$ 1,3640, ante US$ 1,3630 ontem.