Após um semestre de forte expansão, a economia brasileira voltou a esfriar no 3º trimestre, com um crescimento de 0,5% em relação ao trimestre anterior.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 6,7%, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. Em valores absolutos, o PIB do trimestre chega a R$ 937,2 bilhões.
Segundo analistas, esse resultado coloca o país em um patamar mais "realista", ou seja, compatível com seu potencial de expansão.
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"Estamos vendo uma convergência dos indicadores para os padrões do país, de acordo com sua capacidade produtiva", diz Alex Agostini, economista-chefe da agência de risco Austin Rating.
Projeção anual
Quando projetado para todo o ano, o crescimento do PIB no trimestre representa uma expansão anual de 6,1%, número mais próximo ao potencial de crescimento do país, que varia de 4,5% a 5%, segundo economistas.
O crescimento acima do potencial no primeiro semestre, quando a economia se expandiu a um ritmo anualizado de 8%, é apontado como um dos motivos da pressão inflacionária.
Em novembro, a inflação oficial do país (IPCA) ficou em 0,83%, o maior índice para este mês desde 2002.
"O fato de termos tido um crescimento menor do PIB no trimestre era desejável. Reflete um crescimento equilibrado", diz Agostini.
O economista Rogério Sobreira, da FGV-Rio, diz que o PIB mais moderado no trimestre deixa o Brasil em uma situação confortável, sobretudo quando comparado com outras economias, mas que isso "não livra" o país de certas preocupações
"A principal delas e mais evidente é a inflação, mas temos ainda questões fiscais a serem resolvidas", diz o professor.
O resultado do PIB trimestral, divulgado nesta terça-feira, está de acordo com as estimativas dos analistas e deverá levar a economia brasileira para um crescimento de 7,5% este ano.
Setores
Na comparação com o 2º trimestre do ano, o destaque foi o setor de serviços, cujo PIB cresceu 1%. Indústria e agropecuária, no entanto, tiveram uma retração no período, com resultados negativos de 1,3% e 1,5%, respectivamente.
Dentre as atividades industriais, uma das poucas a registrar expansão foi a de extração mineral, com alta de 1,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Mesmo a construção civil, uma das atividades mais dinâmicas da economia brasileira, encolheu no trimestre (-2,3%).
No entanto, quando a base de comparação é o mesmo trimestre de 2009, a indústria teve um bom desempenho, registrando um crescimento de 8,3%.
De acordo com o IBGE, um dos principais destaques pelo lado da demanda foi a expansão dos investimentos, com alta 21,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
A explicação para este crescimento está na alta das importações de máquinas e equipamentos, além da baixa base de comparação, já que, no ano passado, os investimentos ainda sofriam as consequências da crise financeira internacional.
O consumo das famílias, principal componente do PIB brasileiro pelo lado da demanda, cresceu 1,6% e, após quatro trimestres consecutivos de desaceleração, voltou a acelerar frente ao trimestre imediatamente anterior.