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Nova política econômica

Economistas analisam ajustes e reforçam previsão de 2015 difícil para o Brasil

Agência Estado
28 nov 2014 às 08:51

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- Divulgação
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Em suas projeções, economistas de diferentes matizes podiam discordar das medidas que deveriam ser adotadas em relação à economia no próximo ano, mas sempre houve uma unanimidade entre eles: 2015 seria um ano difícil. Na quinta-feira, 27, a fala conjunta dos futuros ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, ao lado do reconduzido presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou a projeção. O ano será de duros ajustes que vão afetar a vida de todos os brasileiros. Pode parecer um contrassenso, mas a mensagem foi bem recebida pelos economistas.

Isso ocorreu porque, diferentemente da atual equipe econômica, a nova mostrou que reconhece o cenário ruim e sinalizou que vai trabalhar para corrigir a rota. "A nova equipe econômica é uma clara mudança de rumo", diz o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. "E é uma mudança correta, porque os resultados do primeiro mandato se mostraram ruins. Então, agora não tem mais sentido qualquer análise catastrófica para a economia no ano que vem." Segundo ele, um dos efeitos imediatos é o de que o mercado de trabalho, que começava a dar sinais de arrefecimento, não vai piorar tanto como o esperado.

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O economista Eduardo Giannetti, que trabalhou na campanha da candidata à presidente Marina Silva (PSB), ainda tem dúvidas sobre se haverá espaço político para a nova equipe trabalhar, mas concorda com a visão. "Caso o novo ministro possa colocar em prática suas ideias, é possível que o cenário de turbulências comece a mudar."

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Ano duro

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Uma boa pista sobre qual será o impacto de um eventual ajuste no dia a dia das pessoas está no valor anunciado do superávit primário (a economia do governo para pagar os juros da dívida). Levy falou em 1,2% de primário. Ele é conhecido por ser um ortodoxo, então, a expectativa é de que faça um primário sem truques, que dependa de uma arrecadação mais robusta e de um legítimo corte de gastos. "Nesse cenário, não tem mágica: teremos aumento de impostos e cortes de subsídios", avalia Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada.


Já se prevê aumento da Cide, que hoje está zerada, o que vai elevar o preço da gasolina. Também existe a expectativa de que as passagens de metrô e de ônibus, hoje represadas, sejam reajustadas. O mesmo vai ocorrer com a energia. Pelas expectativas da Tendências Consultoria, o reajuste médio da conta de luz será de 18%.

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O aumento das tarifas vai pressionar a inflação, que já encostou no teto da meta (de 6,5%). Assim, para fazer a inflação ceder, será preciso segurar o consumo. A Selic, a taxa básica de juros, com certeza será elevada, encarecendo o crédito. As prestações, do calçado mais básico ao carro mais luxuoso, vão ficar maiores.


Gastos públicos

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Há porém uma expectativa positiva em relação ao outro lado da equação do ajuste: o lado do gasto público. "Se Joaquim Levy cortar gastos ou ao menos segurá-los para que parem de subir acima da receita, teremos dois efeitos benéficos", diz Marina Santos, economista-chefe da gestora Mauá Sekular.


O primeiro, diz ela, é aliviar a alta dos juros. A Selic ainda seria elevada, mas em pontos porcentuais menores. Assim, o tranco sobre o crédito tenderia a ser menor. Isso é possível porque, para cada ponto porcentual a mais que o governo poupa, representa um ponto porcentual a menos para se elevar na Selic.


O outro fator positivo é que um governo mais austero será capaz de resgatar a confiança de consumidores e, principalmente, de empresários e investidores. "O cenário para 2015 vinha se deteriorando há meses e tudo indicava que o País caminhava para a recessão, aumento do desemprego, queda da renda, com inflação e perda do grau investimentos: poderíamos retroceder uns 10 anos", diz Marina. "Ainda não temos os detalhes sobre o ajuste, mas se o discurso for posto em prática, pode recuperar a confiança." Em outras palavras: o ajuste vai doer em 2015, mas pode deixar a economia mais saudável a partir de 2016.

Colaborou Carmem Pompeu, especial para o jornal O Estado de S.Paulo.


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