Os números do comércio varejista em fevereiro vieram praticamente em linha com o esperado pelo mercado financeiro, mas ampliam a percepção de fraqueza da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano. Na visão de analistas consultados pelo Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, a contribuição do desempenho do varejo no PIB nos três primeiros meses de 2014 não será a mesma que a verificada ao final de 2013.
Segundo cálculos do estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, o impacto da alta das vendas no varejo no PIB deve ser ao redor de 0,2% no acumulado de janeiro a março de 2014, em relação a um avanço de 1,34% no último trimestre do ano passado. "Essa avaliação reforça a visão de atividade fraca no começo deste ano e contribuiu para uma desaceleração do crescimento econômico no período", avalia.
Para o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, os números do comércio varejista no conceito restrito mostram um crescimento consistente, porém modesto, ao passo que, no conceito ampliado, vê-se uma acomodação, diante da influência da dinâmica do crédito - agora mais restrito. Seja como for, "é uma combinação que reitera a percepção de desempenho fraco da atividade".
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Os profissionais acrescentam ainda que o desempenho da atividade também reflete um ambiente doméstico incerto, com o consumidor cada vez mais cauteloso, preocupado com o risco de desemprego e também com o poder corrosivo na renda da alta dos preços.
Ainda assim, ambos os especialistas ponderam que o foco das atenções do mercado financeiro, principalmente o de juros futuros, está na inflação. Por isso, na curva de juros futuros, as taxas estão praticamente estáveis, niveladas aos ajustes do dia anterior. Para Rostagno, o Banco Central pode ver-se obrigado a promover um novo aperto de 0,25 ponto porcentual na reunião do mês que vem, uma vez que, apesar da atividade fraca, há também um cenário de pressão inflacionária.