Enquanto pede "comprometimento" aos funcionários em cortes de custos e de gratificações, a Petrobras planeja reformar gabinetes e instalações da diretoria executiva. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a estatal já teria gasto R$ 8,1 milhões só com a transferência dos escritórios do diretores da tradicional sede, conhecida como Edise, para outro prédio também no centro do Rio. A mudança antecederia obras em dois andares do prédio que abrigam a cúpula da estatal, com um pré-projeto estimado internamente em R$ 70 milhões.
Em nota, a Petrobras nega que pretenda gastar essas cifras com reformas de instalações no edifício sede e alega que ainda não há "sequer um projeto definido" para os andares desocupados. Com a mudança, explica, a intenção é aprimorar o modelo de governança, "investindo na sinergia entre as diretorias e em uma maior agilidade para os processos".
O projeto de reforma defendido pela atual administração gerou descontentamento entre os trabalhadores e também entre conselheiros da estatal, preocupados com gastos excepcionais em plena crise financeira na petroleira. A reforma, somada a outros gastos corporativos, teriam ampliado o desgaste que levou Murilo Ferreira a pedir afastamento da presidência do conselho.
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Construído na década de 70, o edifício sede da Petrobras é um marco arquitetônico da cidade e uma das primeiras obras da construtora Odebrecht no Sudeste. A proposta da reforma nos dois andares onde ficam as instalações da cúpula da empresa visa a integrar a presidência à diretoria, favorecendo decisões colegiadas.
Modelo semelhante foi implantado pelo presidente da estatal, Aldemir Bendine, no Banco do Brasil, quando comandava o banco. Um dos argumentos para replicar a estratégia na petroleira seria a melhoria da segurança dos dados estratégicos da empresa. Com os escritórios integrados, se evitaria vazamento de informações, uma preocupação expressa pelo executivo em diferentes ocasiões. Segundo funcionários de áreas envolvidas no pré-projeto, a obra poderia incluir a instalação de um restaurante para os executivos.
Contratos
Mesmo sem um projeto definido para a reforma, as instalações da diretoria já foram transferidas em caráter provisório para o Centro Empresarial Senado, a cerca de 800 metros da sede tradicional. As três empresas que trabalham na adaptação do prédio têm contratos que somam R$ 15,5 milhões com a estatal.
O dado consta da página da Petrobras na internet. Dessa cifra, R$ 8,1 milhões foram pagos à Contraste Arquitetura e Construção para ajuste de instalações elétricas e de ar-condicionado. As demais, Sodexo e Pereira Lopes, atuam em serviços de manutenção predial e marcenaria. Pelo modelo de contratação usado pela Petrobras, o pagamento só é efetuado se o serviço for de fato encomendado.
A estatal alega que o valor dos contratos atende às reformas necessárias em todos os prédios ocupados pela empresa no Rio em 2015, "não sendo específicos para a mudança da diretoria executiva para prédio da Rua do Senado". Além disso, informa que pretende reduzir seu orçamento total destinado a obras em escritórios em até 50% este ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.