A indústria da transformação é a atividade produtiva que mais sofre com a crise. As dificuldades por que passa o setor se refletem no emprego. Só para se ter uma ideia, no final do ano passado, a indústria brasileira empregava cerca de 550 mil pessoas a menos que em 2014. No Paraná, o estoque de vagas na indústria caiu cerca de 43 mil vagas. Mesmo assim, o histórico do site mercadodetrabalho.mte.gov.br, de 2009 a 2015, mostra que o total de empregos do setor em 2015 era maior que o do primeiro ano da série.
No Brasil, a indústria da transformação ocupava 6,5 milhões de pessoas em 2009. O emprego no setor teve seu pico em 2013, com 7,9 milhões de vagas, e terminou 2015 com pouco menos de 7 milhões. No Paraná, a indústria empregava 569 mil pessoas no primeiro ano da série, passou a 666 mil em 2013, e terminou com 615 mil no ano passado.
Quando se olha para os números de Londrina, a situação é mais preocupante. Na cidade, o total de vagas da indústria no ano passado (21,3 mil) era menor que o de 2009 (23,1 mil). A queda foi de 7,7%. Na mesma comparação, na média nacional, houve aumento de 6,7%, e, na estadual, de 8,1%.
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Os números do MTE confirmam a vocação de Londrina para o setor de serviços. As vagas nesta atividade cresceram 29,3% no período – de 69 mil para 89,3 mil. No País, o estoque aumentou 26,8% e, no Estado, 25,8%. O desempenho do setor acima da média aliado a um crescimento das vagas de comércio abaixo da média (ver quadro), e a queda nos empregos industriais levaram os serviços a uma participação gigante no total de empregos de Londrina: 50,9% ao final de 2015. Em todo o País, os serviços geravam 38,9% das vagas em dezembro do ano passado, e, no Paraná, 37,4%.
A indústria londrinense em 2015 contribuía com apenas 12,1% dos empregos da cidade. Essa participação na média nacional era de 14,3% e, na paranaense, de 20,6%.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, diz que é difícil saber o motivo pelo qual o emprego industrial teve um desempenho tão ruim em Londrina no período. Mas arriscou um palpite. "Que a cidade não se preparou para se industrializar todo mundo sabe. Acredito que o fato de haver poucas empresas deste setor em Londrina o torna mais suscetível", afirma. De acordo com Orsi, que é dono de uma indústria e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Londrina (Sindimetal), quando há uma "cadeia de um determinado setor", os empresários se fortalecem.
Dos segmentos mais representativos da indústria da transformação em Londrina, segundo o site do Ministério do Trabalho e Emprego, a fabricação de produtos têxteis foi a que proporcionalmente perdeu mais vagas. Eram 1.376 em 2009 e passaram a 999 ao final de 2015 - queda de 27,4%. Em segundo lugar, vem a confecção de artigos do vestuário – segmento que oferecia 5.759 empregos e passou para 4.672 (-18,8%). A fabricação de produtos de borracha e plástico foi de 2.307 para 2.049 vagas (-11,1%). E a de móveis, de 1.376 para 1.268 (-7,8%). Até a indústria alimentícia, que cresceu 18% no Paraná neste período, teve 7,8% de redução nas vagas em Londrina.