Emprestar o nome para um amigo ou parente realizar uma compra pode parecer uma boa ação, simples e inofensiva. No entanto, a medida nem sempre pode ter um final feliz para quem deixou o nome - ''limpo'' - nos crediários das lojas ou ainda em contratos de aluguel, para benefício de terceiros. Dados da Associação Comercial de São Paulo (ASCP) apontam que o empréstimo de nome é a segunda maior causa da inadimplência: 11%, empatado com o descontrole dos gastos. Em primeiro lugar está o desemprego, com 56% dos motivos das inserções.
Sem estatísticas precisas sobre a situação em Londrina, o comerciante e vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcelo Cassa, disse ao Jornal Folha de Londrina que a realidade não é muito diferente no comércio local. ''Quando há uma conta pendente, é bastante comum alguns clientes chegarem na loja e afirmar que tinham emprestado o nome e não sabiam que a pessoa não havia pago'', contou Cassa.
Segundo ele, a Acil desaconselha os consumidores a fazer esse tipo de manobra, na tentativa de favorecer um conhecido, pois não há garantia nenhuma de que a pessoa beneficiada com o ''empréstimo do nome'' vá pagar a dívida: seja por calote ou até mesmo porque teve complicações financeiras em um determinado período como desemprego ou problemas de saúde. E, na maioria das vezes, quem pede para fazer a compra na conta de alguém é porque já está com o nome sujo.
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A orientação de Cassa ainda se estende aos empréstimos de folhas de cheques ou cartão de crédito. ''Alguns comerciantes, às vezes, percebem que o cliente está usando o nome de alguém para realizar a compra e orienta a pessoa a comprar no cartão de crédito porque, pelo menos, é uma garantia de que vai receber'', disse o vice-presidente da Acil.
O economista Emílio Alfieri, da ACSP, ensina que, emprestar o nome, só mesmo quando for possível arcar com a dívida caso o responsável não honre o compromisso. ''Emprestar o nome não é uma boa prática: corre-se risco e não tem benefício nenhum'', afirmou ele. Segundo o especialista, esse tipo de negociação é muito comum entre amigos e parentes. ''Mesmo assim, é interessante dizer que também está passando por um momento financeiro complicado e que não poderá arcar com as despesas caso seja necessário. Essa é uma boa saída'', completou.
Segundo Alfieri, a pesquisa da ACSP é realizada a cada seis meses. A evolução do estudo aponta que em setembro de 2005 o índice de inadimplência por conta de empréstimo de nome foi de 15%, passou para 13%, em março de 2006, e ficou em 11%, no mês de setembro do ano passado. ''O índice está reduzindo, mas ainda assim é importante os consumidores ficarem alertas'', acrescentou.