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Encontros Folha: "empresas precisam transformar dados em negócios"

24 jun 2015 às 14:53

O Grupo Folha de Comunicação realizou na manhã desta quarta-feira (24) a quarta edição do EncontrosFolha, com o tema "A industria da tecnologia e das comunicações como diferencial competitivo no interior do estado do Paraná". O evento, que lotou uma das salas de convenção do hotel Blue Tree, teve como palestrante principal Carlos Arruda, diretor executivo da Fundação Dom Cabral e doutor em Administração pela Universidade de Bradford.

Arruda falou sobre a digitalização da indústria e as formas de incorporar a Tecnologia da Informação nos processos produtivos. "As empresas precisam estimular a capacidade de transformar dados em negócios, para gerar solução e valor. Não é usar a TI como apoio, suporte. Estamos falando de TI como estratégia, agente transformador", observou o palestrante, projetando uma realidade na qual a capacidade de processamento de dados supera a capacidade humana de pensar e tomar decisões.


Durante o evento, Carlos Arruda apresentou dados de uma pesquisa realizada recentemente pela Siemens sobre a digitalização e competitividade internacional das empresas brasileiras, avaliando o ambiente propício para inovação. Foram ouvidos 250 CEOs, engenheiros e especialistas. Para 48% deles, o termo digitalização significa a saída do mundo analógico para o digital. "Mas, na cabeça dos europeus, não é possível que o Brasil ainda tenha indústrias analógicas", apontou o diretor da Dom Cabral, dando um exemplo de quanto o país está atrasado neste processo. O levantamento mostra ainda que os entrevistados reconhecem que a digitalização leva à melhoria da competitividade, com eficiência no uso de recursos, melhoria no processo de decisão e eficiência energética.


Com base nos dados da pesquisa, Arruda afirmou que ainda falta capacitação e atitude ao brasileiro na hora de inovar. "Nosso maior desafio é transformar atitude operacional em atitude empreendedora. Fazer perguntas e não dar respostas. Nós educamos nossas crianças para dar respostas certas. Fomos educados para responder o certo. Atitude inovadora é outra coisa", apontou, cobrando também o papel das empresas. "Precisam incluir na sua agenda, e eu não vejo isso, a inclusão no planejamento estratégico desta temática, trazer para dentro da empresa esta reflexão. É uma mudança de papeis: sai o TI do suporte, entra o TI estratégico. O Brasil precisa deixar de ter boas empresas para ter empresas inteligentes. Isto ainda é um longo caminho e Londrina pode ser um exemplo de como isto deve ser feito".


Sérgio Tanaka, coordenador do curso de Ciências da Computação da Unifil foi um dos convidados a debater sobre o tema. Ele afirmou que um dos principais problemas enfrentados pelo setor de TI está na pouca eficácia nas soluções para os negócios, devido à falta de planejamento dos colaboradores, que estão muitas vezes apenas "apagando incêndios". "É preciso pensar na arquitetura de TI como estratégia empresarial, ter o objetivo de integrar e padronizar processos, com um modelo de planejamento que mapeia processos, sistemas, pessoas e tecnologias".


Emerson Cechin, coordenador setorial de TI do Sebrae, afirmou que o modelo de competitividade das empresas precisa se adaptar às mudanças radicais na forma de interagir das pessoas. "É preciso entender o comportamento de consumo, trabalhar a inteligência dos negócios. O que torna a empresa competitiva é o quanto de valor você entrega, o resultado que entrega".


Marcus Von Borstel, presidente do Sindicato da Industria de Softwares do Paraná (SINFOR) fez um panorama da vocação tecnológica de Londrina, que aposta na marca de "cidade genial" para atrair empresas do setor.


O prefeito Alexandre Kireeff foi o último a se apresentar no painel, trazendo detalhes sobre a lei municipal de Inovação, que prevê a criação do Promin, programa de incentivo a empresas inovadoras da cidade. "É uma forma de estimular a criação de soluções com o desenvolvimento de empresas inovadoras que auxiliem obras de aparelhamento e infraestrutura da própria prefeitura. Nossa pretensão é começar de forma modesta, com R$ 1 milhão para o ano que vem. Mas isto ainda depende de aprovação do orçamento na Câmara".

Segundo levantamento feito recentemente pelo Sebrae, a região de Londrina tem 1.181 empresas de Tecnologia da Informação que podem se desenvolver com a nova lei.


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