Apesar de ser um dos principais indicadores da economia, o significado do Produto Interno Bruto (PIB) é pouco conhecido por boa parte da população. Muita gente diz não saber o impacto que os dados têm sobre o seu dia a dia.
O PIB representa a soma das riquezas geradas pelo conjunto dos mais diversos setores no País. Ele mede a diferença entre o custo de se produzir e o que se obtém como fruto dessa produção, o chamado valor agregado. O indicador é composto por itens como consumo das famílias e despesas do governo, informações sobre as exportações e importações, além dos investimentos (formação fixa de capital bruto).
A auxiliar de serviços gerais Maria José de Carvalho diz que não tem ideia do que todos esses dados representam. "Eu ouço falar de PIB nos telejornais, mas não sei o que é", afirmou. A mesma situação é descrita pelo motorista Ubirajara dos Santos. "Já ouvi falar, mas acho que é coisa de economista. Não sei o que significa, não", disse ele.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
A economista Beatriz David, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica, no entanto, que os números revelados por meio do PIB têm impacto no cotidiano da população de um país. Segundo ela, o caminho indicado por eles reflete na qualidade de vida de uma nação. Ela destaca, no entanto, que os efeitos não ocorrem de maneira imediata, mas indicam uma conjuntura que pode ser propícia ou não ao bem-estar da população.
"Se o PIB aponta expansão da economia, isso tem influência sobre o bem-estar da população. Quando o país está crescendo, as pessoas vão sentir os efeitos, não de forma igualitária, porque isso vai depender da estrutura produtiva e de como o cidadão está inserido, mas a qualidade de vida aumenta, porque, quanto mais se produz, a tendência é que mais empregos sejam gerados, que os preços diminuam e que haja mais disponibilidade de produtos no mercado. Então isso significa não apenas mais renda para gastar, mas também mais produtos disponíveis para compra", explicou.
Além disso, a professora da Uerj cita a melhoria da qualidade dos atendimentos, tanto por empresas privadas como pelo próprio governo. "As empresas e o governo arrecadam mais, então podem melhorar seus atendimentos e os serviços prestados à população", ressaltou.
Ela destacou, no entanto, que o PIB não é capaz de captar todas as riquezas geradas no país, porque, para fazer o cálculo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) leva em consideração apenas as atividades legalizadas. Já as informais não são absorvidas em sua totalidade pela metodologia aplicada.
O PIB é divulgado trimestralmente e, quando aponta geração de riqueza inferior à observada no levantamento anterior, indica retração da economia. Quando esse movimento ocorre por dois trimestres consecutivos, é considerada recessão técnica.
De acordo com dados divulgados neste fim de semana pelo IBGE, no segundo trimestre de 2009 o PIB cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o país ainda não tinha sido afetado bruscamente pela crise financeira internacional, houve queda de 1,2%.