A demanda por etanol é um dos motivos para as constantes elevações dos preços do combustível, afirmou o presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Sérgio Prado. Para ele, a entressafra não determina mais o patamar de aumento dos preços do etanol.
"É o consumidor que vai regular o mercado, pois hoje o preço é uma questão de demanda e não está mais ligado diretamente à entressafra", disse Prado, de acordo com a Agência Brasil. "Não se pode fazer uma ligação direta entre a entressafra e o patamar atual do preço do álcool no mercado hoje", disse.
Como exemplo, o diretor da Unica lembrou que na entressafra passada os preços do combustível caíram, porque o consumidor acabou migrando para a gasolina. Para ele, as elevações recentes dos preços do etanol devem-se mais ao aquecimento do mercado.
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"Há sim um aumento de demanda puxada pelo advento do carro flex, mas o limite para a alta do etanol é determinado pela gasolina", afirmou Prado, ainda de acordo com a Agência. "Quando o consumidor não vê mais vantagem no etanol, ele simplesmente migra para a gasolina, o que acaba por derrubar o preço do álcool".
Depreciação
Para o presidente da Unica, os aumentos dos preços do etanol decorrem da depreciação verificada no ano passado e não apenas à queda na demanda pelo combustível. "Houve depreciação do preço do álcool no primeiro semestre do ano passado em função da crise financeira internacional, que levou à queda do consumo".
Ele ressalta que, agora, os valores do combustível não devem oscilar muito, uma vez que os estoques estão preparados para a chegada da nova safra entre março e abril. "Este ano, não há a hipótese, no nosso horizonte, de que o etanol venha a faltar no país", afirmou.
De acordo com dados do Sindicom (Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Rio de Janeiro), somente no estado, a demanda por etanol caiu 13% neste ano. Em setembro, a queda chegou a ser de 23%, em relação ao mesmo mês do ano passado.
Para o vice-presidente executivo do sindicato, Alísio Vaz, os preços nas usinas começaram a ficar maiores bem antes da entressafra, o que vem causando impacto na venda do produto nos principais postos do estado. "Desde então, é uma sucessão de aumentos por parte dos produtos e isso vem afugentando o consumidor, que pode escolher abastecer com gasolina", disse, segundo a Agência Brasil.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), considerando o preço médio do combustível praticado no mês passado, ele subiu em 20 estados do país, caiu em cinco e manteve-se estável em dois. Na média nacional, o preço do litro do etanol passou de R$ 1,604, preço registrado em setembro, para R$ 1,699, valor registrado no mês passado. O aumento no período foi de 5,9%.
Com isso, em 12 estados do País é vantajoso abastecer o carro com o derivado de cana-de-açúcar. Para o uso do derivado de petróleo ser vantajoso, é preciso que o litro do etanol custe até 70% do valor do litro da gasolina. Se a proporção ultrapassar essa porcentagem, abastecer com gasolina torna-se mais apropriado financeiramente.
A migração dos consumidores para a gasolina, diante dos aumentos de preços do etanol, deve fazer o consumo do derivado de petróleo crescer 15% este ano, em média. O volume esperado, segundo o diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, é superior aos 7% previstos para a expansão do PIB.
"No caso da gasolina, houve crescimento expressivo no primeiro semestre do ano e agora também no segundo. O alto preço que vem sendo cobrado pelo álcool torna a gasolina mais atrativa para o consumidor, que agora pode optar em função do carro flex", afirmou Costa, de acordo com a Agência Brasil.