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Prejuízo de R$ 2,5 milhões

"Esse país não é sério", desabafa fabricante de extintores após demissão de cem funcionários

Guilherme Batista - Redação Bonde
22 set 2015 às 10:02

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- Reprodução/Mais Pioneiro
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A Extinpel, fábrica de extintores de Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro do Paraná, planeja demitir cerca de cem funcionários até o final desta semana. Contratados para trabalhar na linha de produção dos extintores tipo ABC, os colaboradores serão desligados por conta de uma decisão do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), divulgada na última quinta-feira (17), que desobriga carros de passeio, caminhonetes, camionetas e triciclos de cabine fechadas a terem extintores. A medida, anunciada duas semanas antes de começar a valer a obrigatoriedade dos equipamentos tipo ABC, surpreendeu todo o setor voltado para a fabricação de extintores no Brasil. "Esse país não é sério", desabafou o sócio-proprietário da Extinpel, Francisco Carlos de Oliveira, em entrevista ao Bonde nesta terça-feira (22).

Diversos funcionários que serão ou já foram demitidos fizeram um protesto em Santo Antônio da Platina, durante a tarde de segunda-feira (21), contra a decisão do Contran. Carregando faixas com os dizeres "Luto" e "Que país é esse?", os trabalhadores realizaram uma passeata pelas ruas da cidade.

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Fundada em 1986, a Extinpel fabricava, até o ano passado, cerca de 30 mil extintores por mês. Os equipamentos, industriais e automotivos, eram fornecidos para empresas e estabelecimentos diversos, como oficinas mecânicas, auto-peças e postos de combustíveis. "Quando o Contran anunciou a exigência do extintor tipo ABC, modernizamos a nossa linha de produção, contratamos cem novos funcionários e aumentamos consideravelmente o número de extintores fabricados", contou Oliveira. Em 2015, a empresa chegou a fabricar cerca de 130 mil equipamentos por mês, a maioria deles para veículos e do tipo ABC.

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Segundo o empresário, mais de R$ 1 milhão foram investidos na aquisição de novos maquinários. "Agora, com a nova decisão do Contran, ninguém quer mais comprar. Atualmente, tenho mais de 20 mil peças encalhadas no estoque e outras cem mil paradas na linha de produção", destacou. O prejuízo total da empresa, de acordo com ele, deve ultrapassar os R$ 2,5 milhões.


As próximas semanas, ainda conforme Oliveira, serão de retrocesso para a Extinpel: "Vamos reduzir o número de funcionário de 162 para 62, focar a nossa produção nos extintores industriais, tentar absorver os prejuízos e tocar a vida para frente... Algumas pessoas do setor ainda estão esperançosas, dizendo que a obrigatoriedade deve voltar mais para frente, mas eu não acredito nisso". Para o empresário, a decisão do Contran, tomada "de um dia para o outro", fez o governo perder ainda mais credibilidade com o setor. "Tem empresário que vendeu apartamento para estocar extintores, emprestou dinheiro do BNDES... Isso tudo que está acontecendo é um absurdo!", disparou.

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Membro da Associação Brasileira dos Fabricante de Extintores (Abiex), o empresário paranaense contou que o prejuízo total do setor deve chegar a R$ 100 milhões, com cerca de 50 mil colaboradores demitidos. A multinacional Kidde, por exemplo, teria investido cerca de US$ 30 milhões em novas linhas de produção. "Há a informação de que a empresa já demitiu cerca de 5 mil funcionários. A Resil, por sua vez, já fez o desligamento de sete mil pessoas e deve dispensar outras três mil nos próximos dias", listou Oliveira.


Santo Antônio da Platina possui outras duas fábricas de extintores, que também devem realizar inúmeras demissões até o final deste mês.

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Justificativa


O Contran justificou o fim da obrigatoriedade com a informação de que os carros atuais possuem tecnologia com maior segurança contra incêndio. Além disso, conforme o órgão, o despreparo para o uso do extintor poderia causar ainda mais perigo para os motoristas. "O Brasil anda para trás com essa determinação. A norma é um atraso se comparada às leis da maioria dos países do mundo! Sem contar que o Contran contraria um estudo feito por ele próprio, no ano de 2004, que mostrou a importância do equipamento", rebateu Oliveira.

Vale lembrar que o equipamento continua a ser exigido no país para táxis, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados ao transporte de produtos inflamáveis.


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