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Sobretaxação de produtos

EUA se dizem ‘decepcionados’ com retaliação do Brasil

BBC Brasil
08 mar 2010 às 21:31

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O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) afirmou, nesta segunda-feira, que o país ficou ‘decepcionado’ com a decisão do governo brasileiro sobre a retaliação comercial contra os EUA.

"Ficamos decepcionados ao saber que as autoridades brasileiras decidiram prosseguir com a retaliação", disse a porta-voz Nefeterius McPherson.

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As declarações foram feitas após a divulgação da lista de 102 produtos americanos que deverão pagar sobretaxa para entrar no Brasil, no valor total de US$ 591 milhões.

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Segundo o USTR, o governo continua trabalhando na busca uma solução para a disputa e espera chegar a um acordo com o Brasil nos próximos 30 dias para evitar que seus produtos sejam alvo de retaliação comercial.

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"O USTR está trabalhando para chegar a uma solução para as questões nessa disputa sem que o Brasil recorra a retaliações e nós continuamos a preferir uma solução negociada", disse McPherson.


Secretário de Comércio

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Nesta terça-feira, em visita ao Brasil, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, deverá discutir o assunto com autoridades brasileiras.


Um funcionário do Departamento de Comércio disse à BBC Brasil que Locke não deverá apresentar uma contraproposta para resolver o impasse, mas deverá aproveitar a visita ao Brasil (que já estava agendada) "para tratar de vários assuntos, incluindo a retaliação aos produtos americanos".

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A agenda do secretário americano em Brasília inclui reuniões com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega.


Locke também vai participar de encontros com dirigentes de empresas americanas e membros do setores público e privado do Fórum de CEOs Brasil-EUA.

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Indústria


A sobretaxa imposta aos produtos americanos deve entrar em vigor no prazo de 30 dias. No entanto, o Brasil já disse que "ainda está aberto" a um acordo com os Estados Unidos para evitar as retaliações.

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Na semana passada, em visita ao Brasil, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que seu governo ainda tem esperança de que os dois países cheguem a um acordo antes que as medidas entrem em vigor.


Representantes da indústria americana também disseram confiar na possibilidade de um acordo para evitar a retaliação.

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"O fato de Clinton e o ministro Celso Amorim (de Relações Exteriores) terem concordado com o prazo de 30 dias para que as medidas entrem em vigor é um bom sinal", disse à BBC Brasil o diretor de Política de Comércio Internacional da Associação Nacional dos Manufatureiros dos Estados Unidos, Doug Goudie.


"Há boa vontade de sentar e discutir o assunto, e o fato de que os Estados Unidos estão enviando autoridades para o Brasil nesta semana é uma boa notícia", disse Goudie.


OMC


A decisão brasileira de aumentar a alíquota do Imposto de Importação para produtos americanos é uma retaliação comercial aos subsídios pagos pelos Estados Unidos a seus produtores de algodão.


Em novembro de 2009, depois de uma disputa de sete anos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a levar adiante a retaliação, num valor total de US$ 829 milhões.


O valor total atingido com a lista divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira é de US$ 591 milhões.


Segundo o ministério, o valor restante de US$ 238 milhões será aplicado nos setores de propriedade intelectual e serviços, na chamada retaliação cruzada.


A lista de medidas adotadas na área de propriedade intelectual deve ser divulgada na próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no dia 23.


Segundo Goudie, essas medidas são as que mais preocupam a Associação Nacional de Manufatureiros, que é a maior associação da indústria americana.


"Retaliações na área de propriedade intelectual podem abrir um precedente e terão um impacto mais amplo", disse o diretor.

"Esperamos que as discussões entre as autoridades dos dois países nesta semana possam chegar a uma solução", afirmou.


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