O forte aumento no consumo de cervejas e refrigerantes neste início de ano está provocando falta de latas de alumínio no País. A incapacidade da indústria de latas nacional de responder rapidamente ao crescimento do setor de bebidas está obrigando as fabricantes a importar latinhas para atender à demanda doméstica.
Para não pressionar demais os custos de produção, representantes da indústria de bebidas solicitaram ao Ministério da Fazenda redução para zero da alíquota de importação das latinhas e esperam ser atendidos ainda este mês. Os próprios fabricantes de latas não se opõem à medida e dizem não temer a concorrência, enquanto investem em aumento de capacidade, de olho no potencial do mercado brasileiro.
Desde o fim do ano passado, começaram a ocorrer faltas pontuais de latas de alumínio. No primeiro trimestre, as elevadas temperaturas, aliadas à continuidade do processo de aumento da renda e do otimismo do consumidor, tornaram a situação ainda mais crítica para as fabricantes de bebidas, que tiveram de recorrer às importações desse tipo de embalagem, apesar do aumento de custos que essa prática representa. Atualmente, as importações de latas de alumínio estão sujeitas a uma alíquota de 16% de Imposto de Importação.
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''O principal mal seria não abastecer o mercado interno. Isso procuramos evitar'', afirmou o gerente de Comunicação Externa da AmBev, Alexandre Loures, que não revela em quanto a substituição das latinhas nacionais pelas importadas eleva o custo de produção. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Ênio Rodrigues, também diz não saber em quanto as importações encarecem a produção da bebida, mas acredita que, com a redução do Imposto de Importação, não haverá pressão significativa sobre os custos.
Em março, o Sindicerv e demais associações ligadas ao mercado de bebidas pediram à Fazenda para reavaliar o Imposto de Importação e, segundo Rodrigues, o ministério estuda um sistema de cotas para a redução das barreiras. ''A medida ainda não foi liberada, mas aguardamos a publicação de uma instrução normativa ainda este mês'', diz o presidente da entidade.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) não se opõe à importação de latas de alumínio e não está preocupada com o risco de perder mercado para os produtos importados, segundo o diretor executivo da entidade, Renault Castro. ''As importações vão chegar sempre mais caras, devido aos custos com frete'', diz o representante da Abralatas. Pela proposta inicial, as alíquotas seriam reduzidas temporariamente, até 31 de dezembro.
''No momento, os fabricantes não vão conseguir atender a toda a demanda da indústria de bebidas'', diz Castro, ressaltando que a redução da tarifa permitirá que o mercado seja adequadamente suprido a um preço menor do que o das importações com alíquota de 16%. ''Até que os fabricantes de latas aumentem a capacidade de forma significativa, eles não terão condições de responder à indústria de bebidas nacional'', afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abrir), Hoche Pulcherio.
A Abralatas estima que o consumo de latas de alumínio para bebidas crescerá 10% este ano - as vendas de cervejas e refrigerantes devem crescer aproximadamente 10% em volume em 2010. Nos cálculos da entidade, deve haver deficit dessas embalagens da ordem de 1,5 bilhão de latas de alumínio em 2010, considerando as necessidades da indústria de bebidas e a capacidade dos fabricantes de latas até 31 de dezembro.
Além da manutenção dos fatores macroeconômicos e da ocorrência da Copa do Mundo, uma recente mudança nos hábitos do consumidor, que está migrando de bares e restaurantes para os supermercados, também aumenta a demanda pelas latinhas, que é a embalagem que prevalece no autosserviço. No caso da AmBev, lembra Loures, embalagens promocionais lançadas recentemente, como o latão de cerveja de 475 ml e as latas mais finas, de 269 ml, também intensificaram a busca pelo alumínio para embalagens.