A equipe do Ministério da Fazenda não tem dúvida de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixará em 4,5% a meta de inflação para 2013, informaram à Agência Estado duas fontes do governo. A fixação da meta de 4,5% para 2013 e a ratificação para 2012 são encaradas como uma decisão "necessária e sem novidades" diante do cenário atual de esforço do Banco Central (BC) de controle do processo de alta dos preços. Nesse cenário, o entendimento é de que não faria sentido, nesse momento de esforço de convergência do IPCA para o centro da meta de 4,5%, diminuir esse patamar.
Uma meta maior exigiria um aperto mais forte de juros, com impacto no ritmo de crescimento econômico. Hoje, a maior preocupação do governo, junto com câmbio valorizado, é o risco de uma desaceleração econômica acima do desejável. A esse cenário se somam as incertezas do panorama internacional com a crise financeira na Zona do Euro e a retomada mais lenta da economia dos Estados Unidos. Além disso, há risco de a convergência para o centro da meta só ocorrer em 2013, como já apontam os analistas do mercado financeiro. Uma política de redução da meta ficaria para um segundo momento econômico do governo Dilma Rousseff.
"A presidente Dilma pode mudar de opinião, mas no que depender do ministro Mantega a meta não muda", disse uma fonte do governo. Durante o governo Lula, o ministro da Fazenda travou uma dura batalha, em 2006 (para fixar a meta de 2008) e 2007 (para a meta de 2009), nos bastidores com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, para manter a meta em 4,5%.
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Meirelles avaliava que aquele era o momento de reduzir a meta brasileira para patamares mais próximos dos praticados nos países mais ricos, mas não conseguiu convencer o presidente Lula. Com o estouro da crise financeira internacional, em setembro de 2008, a redução da meta deixou de ser uma polêmica dentro da equipe diante da necessidade de acelerar o crescimento econômico do País.
Na avaliação de assessores do Ministério da Fazenda, a permanência da meta de 4,5% naquela época, mesmo com a pressão de Henrique Meirelles, pode ser considerada um "turning point" da política econômica no governo Lula.