A retirada de estímulos tributários (isenção do IPI em automóveis e eletrodomésticos, principalmente) deve funcionar como um amortecedor ao consumo, que vem sendo beneficiado pela melhora das condições de crédito e por sinais positivos do mercado de trabalho.
A avaliação consta do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta sexta (25) pelo Banco Central (BC). No relatório, o BC destaca que a expansão do crédito tem sido liderada pelos bancos públicos.
"É possível que iniciativas por parte dos bancos privados no sentido de recuperar suas respectivas fatias de mercado levem a crescimento mais intenso do crédito, com desdobramentos positivos sobre o consumo das famílias e, em linhas gerais, sobre a atividade econômica", informa o relatório.
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De acordo com o BC, o consumo é um dos dos fatores que sustentam as perspectivas de continuidade da recuperação da economia. Outro elemento é o fato de, diferentemente de outros períodos de crise, não ter ocorrido ruptura no balanço de pagamentos (as transações comerciais e financeiras do Brasil com o exterior), nem crise financeira do setor público, alta da inflação ou desconfiança de mudança na política econômica.
O terceiro aspecto é que "as ações de política monetária (definição da taxa Selic) – sem prejuízo do compromisso com as metas para a inflação – e os estímulos fiscais – sem por em risco a sustentabilidade da relação dívida/PIB – ainda contribuirão para o processo de retomada da atividade econômica".
Entretanto, o BC ressalta que "existem incertezas sobre o comportamento dos investimentos, pois, apesar da melhoria do clima de confiança, os níveis de utilização da capacidade instalada ainda se encontram baixos, embora em movimento ascendente".
Além disso, "o comportamento das exportações dependerá diretamente do ritmo de recuperação da economia mundial, embora o maior dinamismo das economias emergentes esteja desempenhando um papel importante".
No relatório, o BC manteve a projeção de crescimento do PIB em 0,8% neste ano. A confirmação ocorreu depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar, no dia 11 deste mês, que o PIB cresceu 1,9 % no segundo trimestre do ano na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao segundo trimestre de 2008, houve queda de 1,2%.
Segundo o relatório do BC, o PIB registrou taxa de crescimento "significativa, na margem", no segundo trimestre do ano. Esse crescimento, segundo o BC, ratificou as perspectivas de recuperação do nível de atividade sinalizadas no relatório anterior, divulgado em junho.
Para o BC, essa "trajetória reflete a flexibilização da política monetária e os incentivos fiscais direcionados a segmentos importantes na cadeia produtiva". No relatório, o BC informa que há a expectativa de que, ao menos em parte, esses estímulos fiscais sejam retirados a partir do segundo semestre de 2010.