O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Antonio Evaldo Comune, informou hoje a redução, de 0,40% para 0,38%, da expectativa de inflação na cidade de São Paulo para o mês de março. Em entrevista concedida à Agência Estado, ele afirmou que a revisão na previsão está diretamente ligada ao melhor resultado do indicador na primeira quadrissemana do mês, quando a taxa foi de 0,44% ante alta de 0,60% verificada no encerramento de fevereiro. Foi a variação menos expressiva para o IPC desde a alta de 0,35% da terceira quadrissemana de setembro de 2010.
De acordo com Comune, a variação de 0,44% da primeira quadrissemana de março ficou abaixo da aguardada pela Fipe - o instituto trabalhava com uma expectativa de avanço de 0,54%. O resultado também foi inferior ao esperado pelo mercado financeiro, já que os analistas consultados pela Agência Estado previam avanço de 0,50% a 0,59%. "O grupo Alimentação caiu mais do que eu esperava", justificou o coordenador.
Na primeira medição de março, o grupo recuou 0,39%, mais do que a queda de 0,17% apresentada no final de fevereiro. Para Comune, o comportamento de baixa dos preços das carnes bovinas foi importante para este movimento, mas era já esperado. A novidade que teria ajudado o grupo como um todo foi, segundo ele, a alta menor que a esperada para o subgrupo Produtos In Natura para o período.
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Conforme o levantamento da Fipe, o preço da carne bovina recuou 4,01% na primeira quadrissemana de março ante declínio de 4,23% do final de fevereiro. Quanto aos Produtos In Natura, o subgrupo mostrou alta de 1,50%, bem menos intensa que a de 3,06% do encerramento do mês passado.
Comune chamou a atenção também para os itens com maior impacto de queda e de alta na composição do IPC. Segundo ele, ficou bastante clara a influência do grupo Alimentação de uma maneira benéfica para o índice de inflação. "Entre os dez produtos que subiram mais, só há um da Alimentação. Entre os dez que caíram mais, só um não é da Alimentação", enfatizou, referindo-se à lista de maiores pressões para cima ou para baixo do indicador.
Neste ranking, entre os itens com maior impacto de queda para o IPC, o coxão mole foi o líder, com uma queda de 4,25%. Foi seguido pelo feijão (-4,87%), frango (-2,39%), alcatra (-4,32%), contrafilé (-6,49%), batata (-5,79%), açúcar (-5,09%), energia elétrica (-0,29%), arroz (-1,19%) e uva (-6,02%).
No ranking de maior pressão para a alta da inflação, o líder foi o imposto predial (6,96%) e o único alimento foi o tomate, com avanço de 20%, na quinta colocação. O aluguel ficou na segunda posição (alta de 0,54%), seguido pelo metrô (7,49%) e pelo cigarro (2,95%), na quarta posição. O item loteria e outros jogos ficou na sexta colocação, com uma alta de 7,11%, e foi seguido pelo item condomínio (1,20%), contrato de assistência médica (0,72%), álcool combustível (3,89%) e conta de telefone celular (2,52%).
Para Comune, a boa notícia relacionada ao ranking de pressões de alta é que alguns dos itens líderes tendem a apresentar uma variação positiva menor nos próximos levantamentos, já que contam com um período de impacto que tem data para sair do cálculo do IPC.
Por conta do cenário melhor para inflação em São Paulo captado pelo IPC da primeira quadrissemana de março, Comune também revisou para baixo a expectativa para os resultado do índice nas próximas quadrissemanas. Para a segunda, reduziu a projeção de alta de 0,50% para 0,40%. Para a terceira, diminuiu a expectativa de um avanço de 0,49% para também 0,40%. "O cenário atual de inflação é calmo", resumiu.