O diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolas Eyzaguirre, disse hoje que seria oportuno que o Brasil evite o superaquecimento da economia no próximo ano. "Um crescimento de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) na atual conjuntura não é sustentável", afirmou. Ele ressaltou que, com mudanças estruturais na economia, a fim de garantir um aumento da produtividade no médio prazo, pode ser que o PIB potencial do Brasil cresça. Muitos especialistas, entre eles o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore estimam que o PIB potencial do País, atualmente, está em torno de 4%.
Otimista com as perspectivas de expansão do Brasil e o bom momento registrado pela economia, Eyzaguirre ressaltou que o principal desafio do País é manter o crescimento em bases sustentáveis por vários anos. "É preciso ter cuidado, porém, com o superaquecimento, pois ele pode trazer efeitos negativos. Entre eles, um avanço muito grande do consumo, o que pode elevar bem o déficit em transações correntes ao longo dos próximos anos", comentou.
Na avaliação de Eyzaguirre, o próximo governo deveria prestar atenção especial com o uso de "ferramentas" de administração de política econômica. Entre outras, ele fez menção especial à questão fiscal. "É bom não colocar combustível demais no foguete", disse, em referência aos gastos públicos que podem gerar uma expansão exagerada da economia.
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Em palestra no evento Brazil Summit 2010, organizado pelo The Economist Group, Eyzaguirre comentou que não há problemas caso o Brasil registre nos próximos anos um déficit das contas externas inferior a 4% do PIB. Ele fez a afirmação logo após Pastore estimar que essa variável deve atingir 2,5% do PIB (US$ 50 bilhões) em 2010, avançando para uma marca entre 3,6% e 3,7% do PIB em 2011 (de US$ 75 bilhões a US$ 77 bilhões).
Eyzaguirre também destacou que o crescimento exagerado do nível de atividade pode trazer um problema preocupante, que é o risco do surgimento de uma bolha de crédito. Segundo ele, tal fato poderia surgir a partir de um expressivo aumento do consumo das famílias. No entanto, ele ponderou que o Brasil não passa por tal problema neste momento.