As fontes de energias alternativas vão responder por 10% do consumo brasileiro em menos de uma década. A previsão é da coordenadora do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), Laura Porto, do Ministério de Minas e Energia (MME). Atualmente, essas energias representam 3,5% da matriz de consumo elétrico nacional. Fazem parte do Proinfa as energias eólica (dos ventos), de biomassa (bagaço da cana-de-açúcar queimado em caldeiras, por exemplo) e de pequenas centrais hidrelétricas (conhecidas como PCHs).
Embora as fontes alternativas ainda sejam mais caras que as tradicionais (a eólica custa R$ 220 o megawatt, contra R$ 140 da energia hidrelétrica nova), a coordenadora do Proinfa garante que a tendência é baixar o preço. "Se o país realmente investir em uma política industrial, numa capacitação e formar escala, há tendência muito grande para redução, como já está acontecendo no mundo. Há dez anos, o custo da energia eólica era de R$ 400 por megawatt, agora já baixou para até R$ 140 em alguns países", diz.
O Proinfa foi criado em 2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas só foi regulamentado em 2004, quando começou a funcionar. O objetivo é variar a matriz energética, através do incentivo a produtores alternativos, garantindo maior segurança do sistema. Segundo a coordenadora do programa, já estão sendo operados comercialmente 820 megawatts, sendo 420 megawatts de biomassa, 208 megawatts de eólica e 192 de PCHs.
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"Já temos 30 empreendimentos operando comercialmente e mais 52 em construção, que agregarão mais 1 mil megawatts, o que significa dizer que em breve teremos cerca de 1,8 mil megawatts disponíveis, ou mais de 50% da meta, que é chegar a 3,3 mil megawatts até 2008", afirma Laura Porto.
De acordo com a diretora do MME, só em potencial eólico o país tem 143 gigawatts, o que seria quase como dez usinas hidrelétricas de Itaipu. Mas ela reconhece que esse número, baseado em dados do Atlas Eólico Brasileiro, é apenas teórico: "Na prática, hoje é possível explorar 15 mil megawatts". Segundo Laura Porto, entre os países europeus, a fonte eólica já é utilizada há muitos anos, com destaque para a Dinamarca, que extrai dos ventos 20% de toda energia consumida.
Sobre outra fonte alternativa de energia, a do sol, Porto explicou que essa não faz parte do Proinfa porque o programa foi concebido para alimentar o sistema elétrico integrado nacional, enquanto que a solar é mais voltada para aplicações isoladas. Mesmo assim, ela diz que no programa Luz para Todos, do governo federal, os painéis fotovoltaicos (que transformam luz do sol em energia elétrica) já chegam a 10 mil pontos de consumo.
Quanto à utilização do sol para esquentar a água (com o uso dos coletores solares, que podem ser instalados no topo dos edifícios ou no telhado das casas), a diretora do MME adianta que está sendo desenvolvido um amplo projeto para o setor: "Já temos um estudo e queremos lançar uma proposta, através de um programa mais robusto, em parceria com outros ministérios".
Atualmente, o maior entrave para o uso dos painéis solares é o custo, entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, o que poderia ser superado com linhas de crédito a juros baixos do sistema público financeiro. Apesar de o Brasil dispor de uma insolação privilegiada, o país usa muito pouco esta capacidade, ao contrário de outros países do mundo, com bem menos dias de sol, que utilizam maciçamente a energia solar.