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Países mais ricos

G20 anuncia acordo sem resolver 'guerra cambial'

BBC Brasil
12 nov 2010 às 18:55

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A reunião de cúpula do G20 (grupo das 20 principais economias do planeta), terminou nesta sexta-feira em Seul, na Coreia do Sul, sem conseguir dissipar completamente as disputas sobre desequilíbrios cambiais que vinham dominando as discussões entre países membros nas últimas semanas.

O acordo apresentado pelos líderes ao final do encontro de dois dias reconhece as disputas e pede que os países se abstenham de promover as chamadas "desvalorizações competitivas" (perda do valor da moeda para favorecer os produtos de exportação do país).

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Também reconhece o direito dos países emergentes, como o Brasil, de adotar políticas emergenciais para mitigar os efeitos de desvalorizações nas moedas dos demais países e sugere a adoção do câmbio flutuante como melhor sistema.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou Seul imediatamente após o final da reunião e não deu declarações, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se disse satisfeito com o acordo, apesar de reconhecer que ele não acaba com a chamada "guerra cambial".

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Acordo ignorado


O acordo final da cúpula de Seul não difere substancialmente da resolução adotada após a reunião entre ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, no mês passado, também na Coreia do Sul.

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O entendimento firmado após a reunião ministerial preparatória não impediu, porém, que o Fed (o banco central americano) anunciasse, na semana passada, a injeção de US$ 600 bilhões para aquecer a economia local, o que pode levar a um enfraquecimento do dólar em relação às demais moedas.


O anúncio do Fed colocou os Estados Unidos na linha de tiro das críticas na guerra cambial, papel antes reservado à China, criticada por adotar uma política de câmbio controlado vinculado ao dólar.

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Países como o Brasil criticam a decisão americana por entender que, sem uma política de investimentos e incentivo ao consumo interno, ela levará ao aumento do fluxo de recursos para os países emergentes, que oferecem juros mais altos e rentabilidade maior nas bolsas, provocando pressões para a elevação do valor da moeda e da inflação.


Os emergentes, muitos dos quais possuem hoje grandes quantidades de reservas internacionais em dólar, reclamam também que uma desvalorização da moeda americana reduz por consequência o valor de suas reservas.

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Guerra não acabou


"Absolutamente não acabou a guerra cambial, mas pelo menos ela passou a ser discutida, coisa que não era, e com isso poderemos usar instrumentos para mitigar seus efeitos", afirmou Mantega, primeiro nome de peso internacional a usar o termo "guerra cambial" para se referir às disputas, em setembro.

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Apesar do elogio do ministro ao texto final da cúpula, não chegaram a ser discutidas propostas anunciadas pelo governo brasileiro nos últimos dias, como o abandono do dólar como moeda de referência para as transações internacionais ou a criação de um índice do FMI (Fundo Monetário Internacional) para medir possíveis manipulações para desvalorizações cambiais.


O acordo também não contemplou a proposta que havia sido feita pelos Estados Unidos, de que a questão fosse discutida pelo lado de seus efeitos no comércio - o governo americano queria o estabelecimento de limites para os superávits e déficits comerciais dos países.

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A proposta americana tinha grande oposição da China e da Alemanha, os dois maiores exportadores do mundo e países com grandes superávits.


Num dos poucos avanços nesse ponto, apesar da resistência chinesa, o acordo estabeleceu um prazo até o final do próximo semestre para que os países indiquem suas medidas para buscar a redução dos desequilíbrios entre superávits e déficits.


"É importante que os conflitos foram reconhecidos, principalmente dos desequilíbrios das balanças de pagamento entre os países e os desequilíbrios de câmbio. Isso foi reconhecido oficialmente e é um avanço muito grande", afirmou Mantega.


Rodada Doha


Apesar do fracasso na questão cambial, houve mostras de consenso na cúpula sobre uma possível conclusão da rodada Doha para a liberalização do comércio internacional, paralisada desde 2008.


Os líderes concordaram com a existência de uma "janela de oportunidade" para um acordo global na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2011.


Segundo fontes que acompanharam os debates, vários líderes discursaram com entusiasmo a favor de um acordo, que segundo eles poderia ajudar na superação da crise global por meio do aumento do comércio internacional.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria apontado o fato de que um acordo esteve muito próximo de ser fechado em 2008, mas acabou não acontecendo por causa das resistências da Índia e dos Estados Unidos.


Já o líder americano, Barack Obama, afirmou porém que está pronto para fazer as concessões necessárias para que o acordo da rodada Doha seja fechado.


O premiê britânico, David Cameron, por sua vez, teria citado estudos que mostrariam um incremento anual de US$ 170 bilhões nas trocas internacionais com um possível acordo para afirmar que a rodada Doha deve ser concluída o quanto antes, se possível até mesmo antes do prazo colocado no comunicado do G20.


'Consenso de Seul'


Apesar da sensação de fracasso expressa por muitos em relação à cúpula de Seul, o ministro Guido Mantega disse não considerar que o G20 viva um momento de crise pela falta de consenso entre os países-membros em relação aos principais temas de discussão.


"Lógico que existem arestas, pontos de vista diferentes, mas por meio do diálogo se chega a pontos em comum", afirmou.


Segundo ele, "o G20 é uma grande novidade, o fórum internacional mais importante que se constituiu nos últimos tempos e mostrou sua eficácia". "Os países querem que ele permaneça, há o desejo de todos para que ele permaneça", afirmou.


Mantega se disse otimista em relação ao G20. "Não viajamos 30 horas (do Brasil à Coreia do Sul) só para perder tempo em reunião. No momento, acredito que ainda há vigor no G20", disse.


Outro ponto positivo do documento destacado pelo ministro brasileiro é o "Plano de Ação de Seul", uma série de sugestões de caminho para a retomada do crescimento da economia mundial.


Entre os pontos de ação sugeridos está o estímulo à demanda doméstica para o aumento do consumo interno.


A sugestão atende o desejo dos países emergentes, que argumentam terem conseguido resistir à crise global com essa receita e que mercados consumidores deprimidos nos países desenvolvidos podem levar a uma nova crise.

O plano exposto no documento final da cúpula já vem sendo chamado de "Consenso de Seul", em referência ao Consenso de Washington, adotado nos anos 1990, e que pregava as privatizações e a redução do Estado como motores do crescimento econômico.


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