Aumentos em preços administrados levaram à aceleração do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) de agosto para setembro (de 0,33% para 0,55%). Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz, acréscimos nas variações de preços em quatro das sete classes de despesa usadas para cálculo do indicador puxaram para cima o indicador. Mas o impacto da inflação mais intensa nos preços de Habitação (de 0,43% para 0,89%) de agosto para setembro foi preponderante, de acordo com o especialista.
O destaque entre os reajustes ficou com a elevação mais intensa em taxa de água e esgoto residencial (de 1,28% para 1,54%). Braz ressaltou ainda que, entre os preços de Habitação, o comportamento da taxa de inflação de gás de botijão chamou atenção, e saltou de 1,28% para 1,54% de agosto para setembro. Ele lembrou que, em junho deste ano, o Banco Central (BC) previu, em seu Relatório Trimestral de Inflação estabilidade para os preços deste produto.
"O gás de botijão é um dos principais recursos energéticos entre as famílias de baixa renda, e isso ajudou a puxar para cima o IPC-C1" afirmou. Para ele, ainda não há uma explicação clara para o avanço de preços no gás de botijão. "Aparentemente o custo de mão de obra aumentou e isso pode ter sido repassado para o preço", comentou.
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Os alimentos in natura ajudaram a conter o avanço da inflação em setembro. De acordo com Braz, houve deflação mais fraca nos preços de hortaliças e legumes (de -6,34% para -4,56%). "Se fossem excluídos os itens in natura, o IPC-C1 teria subido 0,67% e não 0,55%", afirmou.
Para o especialista, a tendência é que os alimentos subam de forma "comportada" em outubro. Isso pode ajudar a diminuir o avanço do IPC-C1 este mês. No entanto, admitiu que o recente impacto da alta do dólar na inflação, ainda concentrado no atacado, deve ser percebido no varejo nos últimos meses de 2011 - o que pode elevar os preços dos alimentos, no final do ano.