O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia nos próximos dias um pacote de medidas para estimular o financiamento de longo prazo no País. Entre as ações que vão ser executadas pelo governo, estarão algumas das propostas de um documento, obtido com exclusividade pelo "Estado", lançado por meia dúzia de entidades, quatro delas da indústria e uma da habitação, além da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Durante o período de elaboração, os autores do trabalho mantiveram intensa interlocução com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Em setembro, cópia do texto foi entregue a Mantega. A receptividade, segundo apurou a reportagem, foi positiva.
O trabalho sugere, entre outros pontos, que quem compre títulos de dívida de longo prazo emitidos por empresas (10 anos, por exemplo) não pague Imposto de Renda; redução dos depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos devem deixar no Banco Central, ou seja, não pode virar crédito) nos financiamentos para infraestrutura e habitação; e mudanças regulatórias que estimulem a negociação desses títulos no mercado financeiro.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Redigido pelo economista Claudio Frischtak, "Financiamento voluntário de longo prazo no Brasil - análise e recomendações" começou a ser feito no início deste ano por iniciativa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e do Instituto Talento Brasil - associação sem fins lucrativos que tem o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar, como um dos principais colaboradores.
Ao longo da elaboração, o trabalho foi apresentado a outras entidades, que contribuíram com sugestões e acabaram por apoiá-lo. No fim do processo, foi subscrito também pela Febraban, pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp, então dirigida interinamente pelo presidente da CSN, Benjamin Steinbruch) e Confederação Nacional da Indústria (CNI, já sob o comando de seu novo presidente, Robson de Andrade).