Os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidem na próxima semana se continuam com a paralisação da categoria, que já dura 59 dias. Os peritos do INSS aderiram nesta sexta-feira (4) à greve. A perícia médica é exigida para cidadão receber benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial e para reconhecimento de acidentes de trabalho.
De acordo com o comando nacional de greve, os grevistas vão avaliar a proposta oferecida pelo governo de reajuste salarial de 10,5%, dividido em dois anos, com direito à renegociação ao final do período. Os trabalhadores pediam, inicialmente, 27,6% de aumento salarial, em parcela única.
"[A última apresentada] foi um pequeno avanço, mas a nossa entidade nacional, reunida em plenária, está analisando. Hoje mesmo toma uma posição", disse Carlos Vinícius da Costa Lopes, membro do comando nacional de greve. Após essa definição, os estados farão assembleias no início da semana que vem.
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Lopes disse que a proposta sobre realização de concurso público e a incorporação das gratificações, que representam cerca de 70% dos salários, ainda será apresentada. Segundo ele, a paralisação pode acabar em breve. "É uma greve que já está no seu final, estamos na expectativa".
José Rubens Decares, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), considera a proposta como insuficiente. "O governo fez uma proposta que ainda não foi discutida, nós a estamos avaliando como insuficiente. A gente vai chamar uma assembleia estadual na próxima semana para discutir com a categoria, mas, por enquanto, a greve permanece".
O Ministério do Planejamento enviou ofício a entidades que representam servidores públicos com a proposta de acordo para o prazo de dois anos, sendo o reajuste de 5,5% em 2016 e 5% em 2017. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) recebeu o ofício. A proposta do governo de fechar um acordo pelo prazo de quatro anos era um dos itens que tratava as negociações.
Agências
A reportagem da Agência Brasil visitou algumas unidades do INSS na capital paulista para verificar como estava o atendimento hoje aos segurados. No posto do Glicério, perícias estavam sendo feitas. "Mesmo sabendo que estava em greve, eu vim para poder continuar recebendo o meu benefício", disse José Honorato Sobrinho, de 60 anos, que conseguiu ser atendido. Ele estava com a perícia agendada desde 24 de julho.
Jorge Antunes, de 58 anos, também conseguiu passar pela perícia. Sofrendo de hérnia de disco, Jorge reclamou, porém, da falta de informação. "Já é a terceira [agência] que eu venho aqui, das outras vezes não deu certo. Hoje deu certo, só que é um absurdo, já são dois meses de greve no INSS. Essa greve está demais", disse.
Com o início da greve dos perios, o INSS orienta o segurado que tem perícia médica agendada a ligar para a Central 135 e consultar a situação do atendimento na agência da Previdência Social, onde tem a perícia agendada. Quem não for atendido devido a greve dos peritos terá o atendimento remarcado e poderá confirmar a nova data no 135.
O INSS informou que para evitar prejuízo financeiro nos benefícios dos segurados será considerada a data originalmente agendada como a data de entrada do requerimento. Sobre as reivindicações dos servidores, a nota informa que as negociações são conduzidas pelo Ministério do Planejamento.
Ocupação em São Paulo
Ontem (3), os servidores em greve ocuparam, pela segunda vez, o prédio da Superintendência do INSS, na região da Santa Ifigênia. Em protesto, eles passaram a noite em vigília dentro do prédio para chamar a atenção à pauta de reivindicações.
"É um grito para salvar o INSS, essa autarquia centenária. Estamos nesta luta, muito mais para defender a Previdência contra a privatização, contra o desmantelamento. Estamos na defesa da causa do trabalhador que é a Previdência Social", disse Carlos Lopes. Na semana passada, os grveistas permaneceram na superintendência por três dias.
"Queremos negociar, queremos encerrar a greve. Não estamos nem pedindo aumento de salário, queremos só a reposição das perdas [pela inflação] e contratação para melhorar o atendimento, pois 40% dos trabalhadores vão se aposentar agora", acrescenta José Decares.
Em nota, o INSS classificou a ocupação como "desnecessária", que gerou situações de "constrangimento e intimidação". "Apesar das tentativas de acordo, desnecessárias situações de constrangimento e intimidação ocorreram, a exemplo das ocupações nas sedes do Instituto em São Paulo, Brasília e no Rio de Janeiro."