O presidente do Banco Central da Itália, Mário Draghi, disse durante conferência na França, que há "tensões indesejáveis" em mercados cambiais globais, que ameaçam alimentar as pressões inflacionárias, e sinais de superaquecimento nas economias emergentes.
"A política monetária que tenta afetar a taxa de câmbio entra fácil em conflito com a estabilidade dos preços", disse Draghi, acrescentando que nas economias emergentes, "há sinais de superaquecimento com o aumento da inflação e a forte criação de crédito".
Draghi, que também é membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), assumirá a presidência da instituição em outubro no lugar de Jean-Claude Trichet que encerrará seu mandato.
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"Algum aperto da política monetária ocorreu, mas as taxas de juros reais permanecem muito baixas ou mesmo negativas em muitos países" e os controles de capital representam apenas uma solução de curto prazo, destacou Draghi, de acordo com o texto de seu discurso no evento.
A recuperação econômica global é desigual, exigindo uma abordagem diferenciada dos formuladores de políticas públicas e a necessidade de acabar com o apoio adotado durante a crise, afirmou o membro do conselho do BCE.
"Com a notável exceção da Alemanha, o crescimento econômico permanece fraco nos países avançados e demasiado lento para ajudar a corrigir seriamente os enfraquecidos equilíbrios fiscais e as taxas de desemprego", disse Draghi. Segundo ele, as políticas expansionistas esgotaram as suas margens de manobra. "A necessidade de acabar com o apoio excepcional para as economias fornecidas por políticas fiscais e monetárias nos últimos três anos é indiscutível."
Se isso não for feito, continuou Draghi, problemas de sustentabilidade da dívida e taxas de juros globais maiores no longo prazo vão ocorrer com certeza. Embora estas tensões não sejam uma "guerra", os formuladores de políticas públicas no âmbito global devem ser cuidadosos, ressaltou.
"Eu não acho que há uma guerra cambial explícita, mas o risco de políticas nacionais divergentes e descoordenadas, focadas exclusivamente numa dimensão interna e objetivos de curto prazo, está se tornando mais preocupante", destacou Draghi. "Devemos tornar nossas políticas mais globais, mais conscientes da necessidade de se levar em conta o impacto que têm entre si."