Embora não goste de falar de suas origens e só revele o sobrenome em casos extremos, Guilherme Rossi, 31 anos, fez questão de emoldurar e pendurar na parede do escritório um bilhete escrito à mão pelo pai, fundador de uma das maiores incorporadoras do País. No rabisco, assinado por João Rossi, dicas para ser um empreendedor de sucesso: "Qualquer negócio para dar certo precisa ter: 1) contas certas e completas; 2) funding; 3) mercado; 4) muita transpiração."
Depois de trabalhar cinco anos na empresa do pai, Guilherme montou em 2008 seu próprio negócio no ramo imobiliário. Começou com galpões industriais, desenvolveu um prédio comercial e agora se prepara para entrar no segmento residencial, tornando-se um (modesto) concorrente da empresa da família.
A GR Properties (o nome vem das iniciais do fundador) pretende lançar em outubro deste ano dois empreendimentos com apartamentos compactos, de 35 metros quadrados, na Vila Madalena, em São Paulo, e no bairro Cambuí, em Campinas. Na capital, as unidades mobiliadas devem custar em torno de R$ 350 mil e são voltadas principalmente para investidores - característica que, como Guilherme gosta de enfatizar, diferencia seu negócio da Rossi Incorporadora. "Nosso foco são empreendimentos geradores de renda", diz o empresário.
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Para desvincular os dois negócios, ele costuma dizer também que não quer ser grande nem pretende ter sócios. "Em sociedade, a tomada de decisão fica mais demorada." Com um perfil centralizador, Guilherme não quer que sua empresa atinja um tamanho que fuja do seu campo de visão. A meta de faturamento anual é de R$ 200 milhões. "Mais que isso, sai do controle." Este ano, o valor total dos empreendimentos lançados pela companhia vai atingir R$ 155 milhões.
Galpões
Cerca de 80% do negócio da GR Properties ainda vem do segmento industrial. Em Jundiaí, o galpão de 40 mil metros quadrados está 100% alugado, com 12 investidores e 10 empresas inquilinas. Dois outros imóveis do gênero devem ser lançados em 2012 e um loteamento industrial está atualmente em fase de aprovação.
No início do mês, Guilherme lançou em sociedade com um dos irmãos trigêmeos, Eduardo Rossi, um prédio comercial na Penha, bairro pouco atrativo para esse tipo de empreendimento. As unidades foram vendidas em três dias. Na fachada do prédio, apenas o "R" das iniciais dos irmãos indicava a procedência da empresa. Eduardo também está estreando no ramo imobiliário, com uma empresa própria.
"Sempre quis começar do zero, por isso optei por não fazer carreira na Rossi", diz o empresário, um dos seis herdeiros de João Rossi. Para começar, no entanto, ele não teve como dispensar um empurrãozinho. O primeiro terreno do portfólio, em Jundiaí, foi comprado em 2008 com um empréstimo do pai. "De lá pra cá, mais que dobrei o que ele me deu", faz questão de dizer.
O próximo passo da GR Properties agora é investir no ramo hoteleiro. O empresário acabou de comprar um terreno em Campinas e pretende desenvolver lá um hotel com 180 quartos, que serão vendidos para investidores e administrados por uma rede terceirizada. "Por enquanto, a empresa é um laboratório. Estou testando possibilidades."