A indústria e os investimentos perderam participação no Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, enquanto os serviços e o consumo das famílias ganharam peso, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A participação da indústria entre os setores do PIB caiu de 27,3% em 2008 para 25,4% no ano passado, enquanto a do setor de serviços aumentou de 66,7% para 68,5%.
Sob a ótica da demanda, a composição do PIB também foi alterada pelos efeitos da crise econômica mundial. A participação do investimento no PIB caiu de 19,9% em 2008 para 16,5% em 2009. Já o consumo das famílias aumentou de 60,3% para 62,8%.
"A perda de participação da indústria seria um problema se a indústria estivesse sendo destruída. Mas não é o que ocorre", disse o coordenador de Contas Trimestrais, Roberto Olinto. O próprio IBGE, em texto distribuído à imprensa, atribui a queda de peso da indústria na economia principalmente à redução de 5,5% do setor industrial em 2009, registrada pela pesquisa do PIB divulgada hoje.
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Olinto observou que o setor de intermediação financeira - o que mais cresceu no ano passado - é parte do setor de serviços. O aumento de participação da indústria, no entanto, é mais difícil. Olinto observou também que "a indústria é o local onde vai se realizar a produção industrial, mas quando a produção cresce, o comércio e o transporte, que são serviços, crescem também". A agropecuária passou de 5,9% para 6,1%.
Consumo das famílias
O aumento de 4,1% no consumo das famílias em 2009, segundo informou o IBGE, representou a sexta expansão consecutiva anual apurada, ainda que tenha sido a menor variação em cinco anos. "O consumo das famílias voltou a crescer em patamares de antes da crise", observou Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do instituto. Ela lembrou que a alta de 7,7% apurada no consumo das famílias no quarto trimestre de 2009 ante o mesmo trimestre de 2008 é a maior desde o terceiro trimestre de 2008 (9,3%).
Segundo ela, o crescimento apurado no ano passado refletiu o aumento de 3,3% da massa salarial real e o crescimento nominal de 19,7% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro, com recursos livres, para pessoas físicas.