Um aeroporto que não feche a cada dia nublado e um centro de convenções. Isto é tudo com o que sonha o setor de turismo de Londrina. Com tradição de prestação de serviço e uma infraestrutura de fazer inveja a muitas capitais, a cidade é considerada ideal para o turismo de negócios e de eventos. Mas falta um ILS - aparelho que auxilia operações de aeronaves em condições meteorológicas adversas - e um local adequado para abrigar congressos com mais de mil pessoas.
''É um absurdo um avião não conseguir aterrissar em Londrina por aparelho'', critica Reinaldo Costa Junior, presidente do Conselho Municipal de Turismo e vice-presidente do Londrina Convention & Visitors Bureau. ''Muitos eventos grandes deixam de acontecer na cidade porque os organizadores não têm certeza de que o aeroporto vai estar aberto'', alega. A instalação do ILS é uma novela que se arrasta há mais de uma década, devido à necessidade de desapropriação de um terreno próximo do aeroporto, situação que só foi resolvida neste ano. Mas que agora depende da liberação de recursos pela Infraero.
''Temos bons centros de eventos para até mil pessoas. São estruturas que não deixam nada a dever para as das grandes capitais. Mas quando o evento reúne mais gente, não temos local. Já perdemos vários por causa disso'', explica o gestor Executivo do Londrina Convention, Diego Rigon Menao, ressaltando o segundo obstáculo para o desenvolvimento do turismo local.
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Ele afirma que, com exceção dessas duas deficiências, a cidade está preparada para as grandes realizações. ''Um exemplo recente disso foram as Olimpíadas Escolares'', lembrou, se referindo ao evento realizado em Londrina no início de novembro, com cerca de 4 mil participantes. Menao destaca os atrativos da cidade. ''Temos toda uma cadeia de serviços para oferecer. Se compararmos com cidades do mesmo porte, vamos ver que temos uma infraestrutura muito melhor. Sem contar que Londrina mantém uma imagem pujante, ligada à cultura, em virtude dos festivais (de música, teatro e dança).''
O gestor conta que o Londrina Convention captou 14 eventos em 2008 e que, neste ano, até agora, coleciona o mesmo número, apesar da gripe A e da crise financeira mundial. ''Estamos batendo nossa meta. Além desses 14 eventos, apoiamos outros 70'', diz. Entre eles, está o Congresso Mundial de Citricultura, que será realizado em 2016. Reinaldo Costa Junior lamenta especialmente a perda de um evento por falta de infraestrutura adequada. ''Embora a Embrapa Soja fique em Londrina, o congresso mundial de soja não é mais realizado aqui, mas em Foz do Iguaçu. Isso é o que considero mais absurdo.''
Ele ressalta que as Olimpíadas Escolares elevaram a taxa de ocupação dos hotéis para 80%. ''Normalmente, essa taxa gira em torno de 45%, 50%'', conta. E explica que, dos eventos que são realizados todos os anos, os que mais movimentam os hotéis da cidade são em primeiro lugar as feiras moveleiras de Arapongas e, em segundo, a Exposição Agropecuária e Industrial. ''Também temos o vestibular da UEL que lota os hotéis.''
Costa Junior afirma que, num evento como o Congresso Mundial de Cardiologia, cada médico gasta em torno de R$ 350 por dia na cidade sede. ''Imagina se trouxermos um evento desse, com 2 mil participantes para a cidade.'' Para ele, as pessoas ainda precisam entender a importância e a abrangência do turismo. ''É muito comum quando se fala em turismo pensar no campo, nas praias. Mas o que define o turismo é o deslocamento de uma pessoa para outra cidade. Temos, portanto, vários tipos de turismo: de lazer, de negócios e até de saúde'', afirma, lembrando que Londrina também é um importante centro médico.
Segundo o presidente do conselho de turismo, o papel do Conventiou Bureau é tentar convencer os organizadores a realizarem os eventos na cidade. ''É um trabalho árduo, de pegar os calendários e viajar atrás das pessoas tentando vender a cidade.'' Ele lembra que foi assim que, em 2007, o órgão conseguiu convencer o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a trazer para Londrina as olimpíadas escolares recém-realizadas.
ILS vai demorar
Procurado pela reportagem, o superintendente da Infraero em Londrina, Marcus Vinícius Pio, diz que ainda não há previsão em orçamento para a aquisição do ILS. Segundo ele, somente após concluída a desapropriação pela Prefeitura de um terreno ao lado do aeroporto é que a Infraero dará início à compra do equipamento. ''Somente depois que o terreno for transferido para a União é que vamos poder mexer nisso.'' Pio acredita que, com o ILS, o período em que o aeroporto ficará fechado por causa do mau tempo será 90% menor.