A quantidade de consumidores com dívidas em atraso no país aumentou 3,12% em janeiro deste ano em relação a janeiro do ano passado, de acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Este é o menor resultado já registrado para o mês de janeiro, de acordo com a série histórica do indicador de inadimplência, que tem início em janeiro de 2010. Na comparação mensal - em relação a dezembro de 2014 - o número de inadimplentes em janeiro sofreu uma leve alta de 0,15%. O SPC Brasil estima que atualmente existam aproximadamente 54,6 milhões de consumidores registrados em serviços de proteção ao crédito de todo o país.
Para os economistas do SPC, o ritmo de desaceleração da inadimplência observado desde junho de 2014 não encontra como explicação principal uma conjuntura econômica positiva, mas um contexto de fraca atividade econômica combinada com a freada na tomada de empréstimos.
"Os bancos e os estabelecimentos comerciais passaram a ser mais seletivos e a conceder menos crédito ao consumidor, fato que tem como consequência a redução da quantidade de atrasos nas compras parceladas e nos pagamentos de dívidas", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
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Dessa mesma forma, o recuo das vendas a prazo apresentado pelo comércio tem como principal causa a diminuição da capacidade de comprometimento do brasileiro e o baixo grau de confiança do consumidor, o que consequentemente afasta a possibilidade de avanço de inadimplência para os lojistas. De acordo com o indicador de consultas a prazo do SPC Brasil, a desaceleração nas vendas se repetiu ao longo de todo o ano de 2014 e, em janeiro de 2015, a queda acumulada já era de 0,52%.
Na avaliação do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, as vendas no varejo ampliado também vêm caindo, principalmente a dos setores ligados ao crédito como materiais de construção e automóveis. "Quer dizer: a inadimplência está desacelerando principalmente porque o consumidor está deixando de consumir a prazo", explica Pinheiro.
Média de duas dívidas por inadimplente
Da mesma forma como ocorreu com a quantidade de pessoas inadimplentes, o mês de janeiro manteve a perda de fôlego também em relação ao crescimento da quantidade de dívidas em atraso, fazendo com que o indicador registrasse uma alta de 2,40%, em relação a janeiro do ano passado. Em dezembro de 2014, seguindo a mesma base de comparação, o crescimento havia sido de 3,19%.
Com bases nesses dados, o SPC Brasil calcula uma média de 2,07 dívidas para cada devedor inadimplente. Esta média é a menor já registrada pela série histórica, iniciada em 2010.
Cresce inadimplência nos setores de água, luz e comunicação
Com relação aos setores detentores da dívida, o segmento que mais registrou crescimento na quantidade de calotes foi o das concessionárias de água e luz (8,35%) e das empresas de comunicação (9,84%), que oferecem serviços como os de telefonia, tevê a cabo e internet. Destaca-se, ainda, a retração de 0,54% do número de dívidas ligadas ao comércio, a terceira queda anual consecutiva do setor, após dez meses seguidos de alta.