Os três meses consecutivos de crescimento do faturamento industrial contrastam com a quase estagnação do setor verificada na primeira metade do ano, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em agosto, as vendas industriais cresceram 0,3% em relação a julho, com dados dessazonalizados.
Para o analista da CNI, Marcelo de Ávila, os últimos meses quebraram a tendência de baixo crescimento observada no começo do ano. "Tivemos uma oscilação muito grande entre dados positivos e negativos desde o fim de 2010, mas agora a indústria entra em uma trajetória de maior crescimento", avaliou.
O mesmo pode ser observado no indicador do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que voltou a crescer após dois meses de queda e chegou a 82,2% em agosto, conforme divulgado mais cedo pela CNI. "A situação de moderação da atividade está começando a ser revertida", completou Ávila. Segundo ele, apesar do forte crescimento da demanda doméstica por produtos industriais, parte dessa procura vinha sendo transferida para o exterior, uma vez que o câmbio valorizado favorecia os importados.
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Para o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, porém, a desvalorização do real ocorrida em setembro ainda não deve aparecer nos resultados da indústria do mês, já que a maior parte das encomendas ao exterior já estava fechada. A influência dessa variável deve ser maior a partir de outubro.
"Além disso, estamos em um momento de queda das taxas de juros por um lado, mas a crise internacional gera incertezas de outro. Acredito que, apesar disso, teremos expansão no segundo semestre superior ao do primeiro", concluiu o economista.