O diretor presidente do grupo Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, estima um crescimento em torno de 20% na carteira de crédito do grupo este ano ante o ano passado. De acordo com o executivo, até setembro o grupo fechou com carteira em torno de R$ 280 bilhões. "Estamos esperando um crescimento em torno de um dígito somente no terceiro trimestre", disse Setúbal.
Após palestra promovida pela Câmara de Comércio Brasil-França, no Rio, Setúbal comentou com jornalistas que a participação do crédito no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda é muito pequena. Na avaliação do executivo, a economia brasileira está crescendo muito e o ritmo de elevação do crédito acompanha este crescimento. Ele discordou da idéia de qu eo País poderia estar experimentando no momento uma "bolha" na oferta de crédito. "Temos países, economias do mesmo porte do Brasil que tem um volume de crédito muito maior do que o nosso", disse, acrescentando que a alta no patamar de crédito no Brasil deve continuar em ritmo ascendente nos próximos anos. Na avaliação de Setúbal, o caso da quebra do banco Panamericano não pode ser interpretado como um exemplo da fragilidade do cenário de crédito do País. Ele observou que o que ocorreu no caso do banco de Silvio Santos foi um evento isolado, causado por fraudes e problemas internos. Quando questionado por jornalistas se o grupo Itaú Unibanco teria modificado o sistema de oferta de crédito, por conta do que aconteceu no Panamericano, o executivo foi taxativo. "Não tivemos nenhuma mudança nos nossos procedimentos. Procuramos ter uma carteira de crédito cujos clientes são adimplentes, cumpridores de suas obrigações", disse.
No caso do Itaú Unibanco, Setúbal observou que o crescimento da carteira de crédito este ano provavelmente vai ficar acima do aumento ocorrido no ano passado, em relação a 2008. "Até 2008 estávamos crescendo num ritmo forte. Mas veio a crise", disse, explicando que a crise global, cujo período mais agudo começou em setembro de 2008, atrapalhou o desempenho positivo em crédito que o grupo mostrava até então.
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Setúbal comentou ainda sobre o cenário de juros no País. Na opinião do executivo, o que atrapalha o mercado não é o patamar específico de juros e sim oscilações bruscas em seus níveis. "O que os bancos não gostam são juros que sobem e descem e oscilam muito. Isso cria dificuldades para nossos clientes e para o planejamento das empresas", disse, acrescentando não se importar com um patamar mais baixo para os juros brasileiros, desde que este patamar prossiga de uma forma sustentável.
Setúbal falou também sobre a formação da nova equipe econômica na gestão da presidente eleita Dilma Rousseff. Na avaliação do executivo, está sendo formada uma equipe capaz de fazer uma boa gestão de política econômica e de continuar com a trajetória de crescimento sustentável no País.