O juro médio praticado no crédito livre destinado às empresas sobe ininterruptamente desde maio. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que, levando-se em conta a taxa preliminar de outubro, o preço cobrado nesses financiamentos aumenta há seis meses consecutivos. Em 11 de outubro, a taxa estava em 29,1% ao ano. O patamar é 2,8 pontos porcentuais maior que o observado em abril, um mês antes de esse ciclo de aumento ter início. O patamar atual é o mais alto desde fevereiro de 2009 - ainda no meio da crise financeira, quando a taxa média estava em 30,9% ao ano.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, atribui o aumento dos juros à persistência de um patamar elevado de inadimplência entre as empresas. Atualmente, 3,5% dos empréstimos do setor têm atraso superior a 90 dias, no menor patamar desde junho de 2009. Já na pessoa física, o calote é de 6%, o mais baixo desde julho de 2005."A inadimplência ainda permanece em patamar um pouco elevado. Além disso, os atrasos (entre 15 dias e 90 dias) estão praticamente estáveis há muito tempo. É por isso que não há impacto de queda nas taxas de juro", diz Altamir.
Ele também reconhece que a entrada de empresas no mercado de crédito bancário eleva o risco de calote nos bancos, especialmente se forem companhias novas ou que não têm histórico de relacionamento bancário. "São segmentos cujo histórico de risco não é conhecido. Geralmente, você opera primeiro com taxa de juro mais elevada com esses clientes. Depois, é possível ter um padrão de inadimplência mais elevado", cita, ao comentar o atual estágio do crédito corporativo.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Altamir mantém a aposta de que a inadimplência das empresas deve cair. "Vai recuar. Talvez não retorne ao patamar visto há alguns anos, antes da crise. Mas é de se esperar que caia", diz.