Comprar um carro financiado neste início de ano está mais caro em comparação com o mesmo período de 2010. Isso porque as taxas de juros cobradas pelos bancos aumentaram até 0,72 ponto porcentual. A maior alta foi encontrada no Banco Honda, que alterou sua taxa mensal de 0,85% para 1,57%, segundo dados no Banco Central (BC).
E os aumentos não devem parar por aí. A tendência é de alta para os próximos meses na opinião dos especialistas do mercado.
A elevação das taxas é resultado de quatro ações adotadas pelo governo federal para conter o crédito e a inflação, avalia o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. Dois deles estão relacionados às medidas tomadas pelo BC em dezembro: aumento da exigência de capital para operações de crédito com prazos superiores a 24 meses e elevação do compulsório bancário, que é a quantia que os bancos são obrigados a depositar no BC. Sua ampliação reduz a oferta de crédito para os clientes dos bancos.
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Os outros dois fatores referem-se à taxa básica de juros, a Selic. Em janeiro, a taxa subiu para 11,25% ao ano e o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que as alterações para cima devem continuar. "Diante dessa situação, o custo do crédito aumentou e a tendência é de alta nos próximos meses", diz Oliveira.
Segundo o economista especializado em varejo automotivo da MSantos, Ayrton Fontes, até a primeira quinzena de janeiro não ocorreram tantas alterações nos financiamentos de automóveis e o consumidor ainda conseguia encontrar linhas com taxas antigas. Mas a situação mudou a partir da segunda quinzena do mês. "Quem quiser fazer um melhor negócio deve dar pelo menos 20% de entrada. O ideal é 40%. Caso contrário encontrará juros em patamares elevados."
É o que está fazendo o microempresário João Antonio Cardoso. Prestes a completar 18 anos, ele tem cerca de 40% do valor do carro que pretende comprar. "Já andei pesquisando e reparei que os juros estão mais altos. Estou esperando um feirão para fazer uma boa compra", conta.
Planejamento
Quem tem intenção de comprar um automóvel deve planejar muito bem o negócio. Esse é o primeiro conselho de Fabio Gallo Garcia, professor de finanças da FGV e PUC. "É preciso analisar se é o momento certo para a aquisição de um carro. Estamos em uma época de encurtamento de crédito e taxas mais altas", diz.
O professor chama a atenção para os prazos longos de financiamento, como os de 60 meses. "O consumidor esquece que no quarto, quinto ano vai ter um carro depreciado em 30% a 40%, sem garantia e com custos de manutenção", afirma.
O comprador muitas vezes se deixa levar pelo impulso da compra do carro e pelo preço da prestação, mas não avalia os custos que terá com a aquisição, como seguro, combustível, IPVA e estacionamento.
A dica do professor da ESPM Adriano Gomes para quem pretende comprar um veículo é aproveitar uma taxa menor no curto prazo, já que a tendência é que ela aumente ainda mais nos próximos meses. "Já quem pode esperar, o conselho é aproveitar o outro lado da moeda com a alta da Selic para investir o dinheiro no Tesouro Direto, por exemplo, para pagar o carro à vista no futuro", aconselha.