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Em todo o país

Lava Jato e crise resultaram no corte de 11 mil empregos na indústria naval

Agência Brasil
21 mai 2015 às 17:36

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A indústria naval contabiliza uma redução de 11 mil empregos desde dezembro de 2014. As causas são as dificuldades resultantes dos escândalos envolvendo a Petrobras [na Operação Lava Jato] e a crise político-econômica do país. A informação é do Sindicato da Indústria Naval Brasileira (Sinaval) e foram apresentadas hoje (20), durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

De acordo com o presidente do Sinaval, Ariovaldo Santana de Rocha, não procedem as informações de que as demissões já seriam 20 mil. "Até o momento, foram cerca de 11 mil demissões no setor. Em dezembro do ano passado, a indústria naval tinha 82 mil empregos diretos. Hoje, são 71 mil. Não fossem os problemas atuais, poderíamos ter mais de 100 mil pessoas empregadas", explicou Ariovaldo.

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Ao mesmo tempo em que elogiou as iniciativas do governo para estimular o setor, Rocha fez críticas a instituições financeiras que têm criado dificuldades para o crédito necessário à execução dos investimentos previstos em contratos.

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"Estamos tralhando diretamente com o governo federal. No entanto, infelizmente não temos conseguido solução para o problema de financiamentos com o setor financeiro. A exceção é o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]", disse Rocha.

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Representando o BNDES, a chefe do Departamento de Gás, Petróleo e Cadeia Produtiva do banco, Priscila Branquinho das Dores, informou que que a instituição já desembolsou R$ 16,7 bilhões para a indústria naval. Dess total, 54% foram destinados a embarcações de apoio, 23% para navios petroleiros e 23% estaleiros e plataformas. "Só em 2015, já foi desembolsado R$ 1,5 bilhão para a indústria naval", afirmou Priscila.


Segundo Ariovaldo Rocha, os bancos demoram mais de 90 dias apenas para dar posicionamento sobre pedidos de financiamento. "E boa parte das respostas é negativa. Em 40 dias, o BNDES consegue informar se tocará ou não o projeto. É melhor fazer isso que ficar sentado em cima do projeto, enrolando", acrescentou.

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Assessor do presidente e coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural da Petrobras, Paulo Sérgio Rodrigues Alonso esclareceu que alguns projetos não conseguiram financiamentos em bancos públicos.


"No caso da Sete Brasil [consórcio que tem a Petrobras como sócia para fabricação de 28 sondas], isso não foi possível, porque não conseguimos cumprir a exigência do BNDES para mitigação de risco". Ele destacou que, para esse empreendimento, as dificuldades são maiores porque a Sete Brasil tem um "modelo financeiro muito complexo". Segundo Alonso, a Sete Brasil não está quebrada, mas "carente de solução" para a questão financeira.


"Cada sonda é uma sociedade de propósitos específicos. Nunca havíamos construído uma sonda no Brasil. Por isso, tínhamos de dotar o estaleiro de estrutura. Só com a Petrobras como sócia é que os estaleiros teriam condições de dar conta desse modelo complexo e com necessidade de financiamento", disse o representante da Petrobras.

"Temos de vencer a situação financeira pela qual passamos. Não é possível um país que criou, com competência e iniciativa, esse mundo que é a indústria naval, não conseguir equacionar questões financeiras e técnicas para manter essa indústria, que é altamente estratégica para o país. Em termos de soberania nacional e de reparos navais, a indústria pode construir muito para a Petrobras e Marinha", concluiu Paulo Sérgio Alonso.


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