Duas empresas apresentaram propostas ontem durante o leilão da massa falida da Adatel. Nenhuma, no entanto, atingiu o valor mínimo estipulado. A coligada da Sercomtel, que presta serviços de TV por assinatura em Osasco (SP), foi à leilão às 13 horas. A proposta mais alta, de R$ 2,2 milhões, ficou 38% abaixo do valor mínimo: R$ 3.656.543. Por causa disso, o juiz da 7ª Vara Cível de Osasco, Wilson Lisboa Ribeiro, abriu prazo de 24 horas para o administrador judicial e de mais 24 horas para o Ministério Público se manifestarem no processo. Depois, ele irá decidir se aceita a proposta mais alta ou se marcará novo leilão.
A proposta de R$ 2,2 milhões é da Giga TV (Cabonnet), grupo com sede em Ourinhos (SP), que explora TV a Cabo e banda larga em 30 cidades do interior paulista. O responsável pela empresa já deixou com o juiz um cheque correspondente a 30% do valor da proposta. O restante será pago em seis parcelas. A segunda proposta, de R$ 2 milhões à vista, foi apresentada pela Nova Infraestrutura Locações e Participações, empesa pertencente ao grupo Bandeirantes de Comunicação, com sede em São Paulo.
O advogado da Sercomtel Guilherme Casado, que foi a Guarulhos acompanhar o leilão, se disse frustrado com o resultado. "Tínhamos expectativa de que houvesse maior disputa e que conseguíssemos algum valor acima do mínimo", afirmou. Ele acredita que a conjuntura econômica do País tenha prejudicado o leilão. "TV por assinatura é um produto supérfluo e as incertezas da economia têm forte impacto neste mercado", analisou.
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Apesar de estar se desfazendo do negócio, a Sercomtel promete para o segundo semestre uma parceria que irá oferecer TV por assinatura. Questionado se não há incoerência no fato, Casado disse que não. "Pedimos falência para um negócio que não era convergente com a telefônica, que se encontrava fora da sua área de atuação", justificou.
Conforme mostrou reportagem da FOLHA publicada no mês passado, nenhum centavo obtido no leilão irá para o caixa da Sercomtel. Nos últimos 15 anos, a telefônica fez R$ 7,6 milhões de empréstimos para a Adatel. A operadora também não receberá nenhum centavo dos R$ 9,6 milhões enviados a Osasco a título de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (Afac).
Segundo o advogado, pela Lei de Falência, os recursos obtidos no leilão vão para quatro tipos de credores. Pela ordem, devem ser quitados os débitos trabalhistas; na sequência, os de garantia reais (empréstimos a bancos); depois, os tributários; e, por último, os demais.
No ano passado, a Sercomtel tentou vender a Adatel de Osasco por R$ 18 milhões. Foi marcado um leilão para abril, mas não apareceram interessados. Em julho, foi aberto um processo de liquidação. Contudo, o liquidante também não conseguiu alienar a operadora. Por isso, foi pedida a falência. A operadora de telefonia de Londrina detém 93% dos direitos societários da empresa.
A Sercomtel também pediu a falência da Adatel de São José (SC), que só foi decretada no último dia 10. O advogado Guilherme Casado preferiu não comentar sobre este caso porque a decisão da Justiça catarinense ainda não foi publicada.